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Euro 2016

Foi há um ano que Portugal subiu ao Olimpo do futebol

10 jul, 2017 - 10:20

10 de Julho de 2016. Éder deu um pontapé na bola, na final do Euro, na história. Portugal, que é muito mais que 11 milhões, festejou por todas as partes do mundo. Ouça o relato do dia mais importante da história do futebol português.

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Faz esta segunda-feira, 10 de Julho de 2017, um ano que Portugal se sagrou campeão da Europa, em França, ao bater a anfitriã na final, por 1-0, com um golo de Éder nos descontos.

"Só dia 11 [de Julho] é que vou para Portugal. Ainda vou ficar aqui muito tempo." A frase, que ficou na história, foi da autoria de Fernando Santos, seleccionador nacional, a 19 de Junho, dia em que Portugal recuperava de novo empate na fase de grupos do Europeu, dessa feita um 1-1, com a Áustria, que parecia condenar a passagem aos oitavos-de-final.

Ora, uma conjuntura de resultados favoráveis e um empate (3-3) com a Hungria na derradeira jornada do Grupo F "compraram" o bilhete para os "oitavos", num terceiro lugar que não augurava nada de bom. Por outro lado, a selecção nacional evitava os tubarões até à final: Espanha, Itália, Alemanha e França estavam do outro lado do quadro.

"Mata-mata" ou "empata-empata"

Quadro esse que ditou um duelo com a Croácia a abrir o "mata-mata", equipa que relegara a toda-poderosa Espanha para o segundo lugar do Grupo D e tinha nas suas fileiras craques como Luka Modric (Real Madrid), Ivan Rakitic (Barcelona), Ivan Perisic (Inter de Milão) e Mateo Kovacic (Real Madrid).

Contudo, Portugal não tinha medo de ninguém. Fernando Santos deixou a sofreguidão do golo para trás (69 remates durante a fase de grupos) e adoptou uma postura de expectativa. A selecção rematou menos, muito menos (apenas cinco remates), mas marcou o único golo de que precisava: arrancada de Renato, passe para Ronaldo, remate do capitão e a recarga de Quaresma que valeu o passe para os "quartos".

Na segunda partida da fase a eliminar, a Polónia até marcou primeiro, pelo inevitável Lewandowski, logo aos dois minutos. Contudo, um golo de Renato empatou a contenda ainda na primeira parte. Embora Portugal tenha voltado a rematar muito (21), o jogo foi para as grandes penalidades. Cristiano deu o exemplo e bateu primeiro, com sucesso, Renato, Moutinho e Nani não falharam e, na hora da verdade, Quaresma marcou presença na meia-final.

Nas "meias", a equipa das "quinas" enfrentou uma das sensações do torneio, o País de Gales de Gareth Bale (Real Madrid) e Aaron Ramsey (Arsenal). Na hora de afirmar o seu reinado como estrela maior da constelação "merengue", Ronaldo subiu às alturas para marcar o primeiro e assistiu Nani para o segundo, selando aquela que foi a primeira vitória de Portugal no Euro 2016, ao fim de cinco empates.

O canto do cisne

Portugal estava na final. Do outro lado, a França eliminara República da Irlanda (2-1), Islândia (5-2) e Alemanha (2-0) e o duelo parecia ditado pelo destino. Na cidade de maior representação lusa no estrangeiro e após todo o veneno destilado pela imprensa francesa para com a caminhada portuguesa na competição, a selecção nacional deparava-se com a final desejada.

O jogo parecia destinado a "tragédia" quando, aos 25 minutos, Cristiano Ronaldo teve de ser substituído, após dura entrada de Dimitri Payet. A partida decorria e Portugal mostrava-se incapaz de escapar ao "sufoco" gaulês, que rematou o dobro (18 para 9 disparos) e obrigou Rui Patrício a um punhado de defesas para o álbum de recordações.

Até que, aos 79 minutos, Éder entrou para render Renato Sanches. Muitos portugueses terão levado as mãos à cabeça naquele momento, pensando que Fernando Santos acabara de ditar a derrota de Portugal. Porém, já dizia um filme que nem todos podem ser heróis, mas um herói pode vir de qualquer lado, qualquer parte do mundo, qualquer momento. Aquele foi o momento de Éder, que nascera na Guiné Bissau e se mudara para Portugal aos dois anos de idade, tendo despontado para o futebol em Coimbra. Aquele foi o momento do príncipe indesejado.

Já no prolongamento, aos 109 minutos, numa altura em que Portugal inteiro aguardava pelos penáltis, com um remate espontâneo de longe que, qualquer um diria antes de ver um resultado, era uma perda de posse disparatada, um erro tremendo, Ederzito fez o impossível e meteu a bola no fundo das redes da baliza de Lloris. Um golo que, 11 minutos depois, confirmaria Portugal como campeão europeu.

Findo o jogo, emocionado, Fernando Santos explicou o fenómeno Éder melhor que ninguém: "O patinho feio tornou-se bonito."

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