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Morreu o antigo ministro Medina Carreira

03 jul, 2017 - 21:21

Antigo ministro das Finanças morreu esta segunda-feira, num hospital de Lisboa, vítima de doença prolongada.

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Henrique Medina Carreira, antigo ministro das Finanças, morreu esta segunda-feira, avança a SIC Notícias.

Medina Carreira faleceu esta tarde num hospital de Lisboa, vítima de doença prolongada.

O advogado e fiscalista tinha 86 anos.

Foi ministro das Finanças no I Governo Constitucional, liderado por Mário Soares, entre Julho de 1976 e Janeiro de 1978.

Liderou as negociações com Fundo Monetário Internacional (FMI) com vista à obtenção de um empréstimo de 750 milhões de dólares.

Antes, foi nomeado administrador, por parte do Estado, do Banco Internacional Portugal e subsecretário de Estado do Orçamento no VI Governo provisório.

Medina Carreira nasceu em Bissau, a 14 de Janeiro de 1931. Tirou um bacharelato em Engenharia Mecânica nos Pupilos do Exército e começou a trabalhar na fundição de aço.

Mais tarde, licenciou-se em Direito pela Universidade de Lisboa, e chegou também a cursar Economia, mas não concluiu a licenciatura.

A par da sua carreira profissional, foi membro do Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais, membro do Conselho Fiscal da Fundação Oriente, vice-presidente do Conselho Nacional do Plano, vogal do Conselho de Administração da Expo'98, presidente da Comissão de Reforma de Tributação do Património (nomeado por António Sousa Franco), presidente da Direção da Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores e vogal eleito do Conselho Superior da Companhia de Seguros Sagres.

Pessimista ou realista?

Advogado, consultor de empresas e professor, Medina Carreira também ficou conhecido pelo comentário na comunicação social.

No plano político, deixou o Partido Socialista em 2001, descontente com a política económica. Nas eleições presidenciais de 2006, apoiou a candidatura de Cavaco Silva a Belém.

Considerado um pessimista por uns e um realista por outros, não se cansou de fazer constantes alertas sobre o estado das finanças nacionais, nomeadamente o peso do endividamento e da despesa pública.

Num debate sobre o Orçamento do Estado para 2006, alertou que “ou temos economia ou temos desgraça”, considerando que estão esgotadas as outras vias para resolver a questão das contas públicas.

"Não tem mais impostos, não tem mais endividamento. Ou tem mais economia ou reduz as despesas", defendeu.

Quando Portugal ficou sob resgate, em 2011, disse que Portugal não tinha "economia para pagar os juros" exigidos pela troika.

"Não advogo a renegociação da dívida, mas não me surpreenderá que tenhamos de o vir a fazer”, disse o professor que morreu esta segunda-feira.

Medina Carreira "serviu como alarme"

Francisco Sarsfield Cabral, especialista da Renascença em assuntos económicos, diz que Medina Carreira era pessimista, mas os seus alertas confirmaram-se.

“Ela era uma pessoa bastante pessimista, mas o facto é que as coisas que ele apontou, quase todas se verificaram".

"Foi ministro das Finanças numa época terrível, a seguir ao 25 de Abril, conseguiu fazer algumas coisas nessa altura, mas não muito porque o ambiente era caótico."

"Depois serviu como alarme para o conjunto das pessoas, sobretudo, na questão do défice orçamental e da despesa pública excessiva que Portugal tem feito e continua a fazer", sublinha Sarsfield Cabral.

O jornalista Ricardo Costa também já reagiu à morte de Medina Carreira, através de uma mensagem publicada na rede social Twitter.

Comentários
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  • Manuela
    03 jul, 2017 Vila Nova de Gaia 22:06
    Lamento muito a sua morte! Um Grande Senhor! Paz à sua alma!

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