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Incêndios. Investigador defende zonas tampão de árvores folhosas em redor das aldeias

27 jun, 2017 - 11:02

Casa e propriedade agrícola em Troviscais Cimeiros - a cerca de dois quilómetros em linha recta do local de origem do incêndio em Pedrógão Grande - resistiram às chamas que queimaram vastas áreas de pinhal e eucaliptal em volta.

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Um antigo técnico do ministério da Agricultura e investigador da História de Pedrógão Grande defende a criação de zonas tampão com árvores folhosas em redor das aldeias daquela região para prevenir a destruição ocorrida no incêndio que começou dia 17.

Aires Henriques, antigo inspector do ministério da Agricultura, actualmente reformado, sugere uma solução idêntica à que permitiu que a casa e propriedade agrícola, turística e cultural que possui em Troviscais Cimeiros - a cerca de dois quilómetros em linha recta do local de origem do incêndio - resistissem incólumes às chamas que queimaram vastas áreas de pinhal e eucaliptal, também na aldeia onde reside.

"Aqui não houve fogo, houve umas manchinhas de fogo, mas não ardeu no sentido de criar uma calamidade, de arderem casas. E eu não estava cá sequer, não tive aqui uma mangueira", disse Aires Henriques à agência Lusa, recordando o dia 17, em que, vindo de viagem com a mulher, só conseguiu chegar a Troviscais à noite, quase 12 horas depois de o fogo lhe ter ameaçado a habitação.

A propriedade - onde está instalada o Museu da República e da Maçonaria, três núcleos expositivos que não foram afectados pelo incêndio e um empreendimento de turismo rural, que ficou igualmente a salvo das chamas - possui quatro hectares de terreno anexo, ocupado maioritariamente com cerejeiras e plátanos, por onde o fogo passou sem causar estragos de maior, a exemplo do quintal, onde uma única árvore ficou queimada e partiu com a força do vento.

Ao lado e em redor das casas contíguas arderam pinheiros e eucaliptos, os mesmos que Aires Henriques quer ver banidos das zonas em redor das aldeias: "Está aqui um exemplo claro. À volta das aldeias não podem deixar crescer mais pinheiros, nem mais eucaliptos, plantações desse género. Têm de definir zonas tampão com plantação de folhosas à volta das aldeias".

"Têm de definir 10 metros, 20 metros, 50 metros, 100 metros, 200 metros, o que for. Têm de definir claramente à volta das aldeias zonas de tampão, em que não se podem plantar eucaliptos", reafirma.

Total descoordenação entre autarquias

"E o próprio proprietário tem de ser orientado e quando ele não tem capacidade para fazer isso, tem de ser alertado para criar as condições para a sua sobrevivência, para a sua defesa", argumenta.

Aires Henriques esteve quase meio século em Lisboa, onde foi dirigente da Casa de Pedrógão Grande durante 18 anos, 12 como presidente. Reformou-se há oito anos, regressou ao interior do país e tem tomado posições sobre o concelho, sobre o qual tem em preparação uma monografia.

Desconfia que a tragédia que afectou o município "não vai mudar nada", face ao despovoamento e ao que diz ser a "total descoordenação" entre autarquias vizinhas, num território com características idênticas "em que ninguém define nada em comum, de uma forma pensada, organizada, coordenada, que possa ser proveitosa".

De acordo com Aires Henriques, "não se justifica" que cada um dos três municípios possua uma associação florestal e uma associação de desenvolvimento e que cada um trabalhe "para o seu lado, descoordenado".

Defende, assim, a fusão administrativa dos três municípios mais afectados pelas chamas (Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera).

"Nesta zona aqui têm de fundir os três concelhos, não tem mais sentido concelhos com três mil habitantes, o da Sertã, aqui ao lado, tem 12 mil, estes três fazem um igual à Sertã", declara.

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Comentários
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  • Porque não?
    27 jun, 2017 Agueda 14:37
    Porque razão o investigador não sugeriu uma corporação de bombeiros em redor de cada casa !!!
  • MAMM
    27 jun, 2017 Sintra 14:33
    Uma (serão mais certamente) associação ambientalista publicou um comunicado no seu sítio sobre o incêndio de Pedrogão Grande, onde se insurge pelo incumprimento da legislação de prevenção de incêndios na floresta. Essa mesma associação, em Março deste ano, insurge-se contra o abate de arvores na Serra de Sintra, marcadas pelo o INC para o efeito (chamam lha o anel da morte) com o objectivo de criar um corredor mais largo na EN9-1para segurança das pessoas. De salientar que está estrada, na maior parte dos locais não se vê o céu, tal a frondosidade das arvorez e a sua largura (entre bermas) ronda os 4 metros. Aliás em Sintra não se corta, não se poda, quanto mais abater árvores. As casas, actualmente estão a ser abafadas pelas árvores.
  • PROPAGANDA BARATA...
    27 jun, 2017 Lx 14:05
    Será que os kamaradas do PCP e do BE emigraram? Não se houve um pio desta quadrilha que antes perorava demissão e agora calam-se que nem ratos...Uns demagogos tristes, uns pantomineiros e uns vendedores de ilusões sempre na onda de apagar a história( assim o disse o Milhazes correspondente na Rússia...). Só demagogia e a ver se empurram com a barriga para a frente e a ver se arranjam bodes expiatórios.Uns salafrários, mestres da mentira e da propaganda barata e foelira e mentirosa. Costa és um demagogo como não há memória...uns triste e és responsável da morte de 64 pessoas e do ferimento de mais de 254 pessoas...Vai-te catar mais os teus amigos das esquerdas fraudulentas. Até o Valls já saíu do partido Socialista em frança pois já não acredita em amanhãs que cantam...
  • josé
    27 jun, 2017 lixa 12:26
    Mais um que sabe como se faz mas que andou a ganhar o dele como todos os outros. Cada um cuida é de si, mais nada.
  • José Saraiva
    27 jun, 2017 Viseu 11:53
    não limpem e cortem o mato envolvente ...e não ataquem o fogo no início (tirar fotografias e deixar o trabalho árduo apenas para os bombeiros enquanto bebem umas cervejolas no café da aldeia é mais cómodo) ....e depois QUEIXEM-SE QUE ARDEU TUDO!

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