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Bispo Emérito de Hong Kong critica perseguição religiosa na China

24 mai, 2017 - 13:31 • Ângela Roque

Em dia de festa para os católicos chineses, o cardeal Joseph Zen alerta para o “ateísmo materialista”, que considera o “principal perigo” do regime de Pequim, que “tem medo da mensagem de Fátima”, ao ponto de proibir imagens de Nossa Senhora no país. E lamenta que a Jornada mundial de Oração pela Igreja na China, que hoje se assinala, seja pouco conhecida.

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Esta quarta-feira, dia 24 de Maio assinala-se o dia de Nossa Senhora Auxiliadora, padroeira da China e venerada com grande devoção no Santuário de Sheshan, em Xangai. Por vontade do Papa emérito, Bento XVI, desde 2007 que se assinala nesta data uma Jornada Mundial de Oração pela Igreja na China. Hoje, em declarações divulgadas pela fundação Ajuda à Igreja que Sofre, o bispo emérito de Hong Kong lamenta que este dia seja “pouco conhecido”, e que a jornada de oração “não seja levada muito a sério”.

Na entrevista o cardeal alerta para o “ateísmo materialista”, que considera o “principal perigo” do regime de Pequim. Fala em “imperialismo desenfreado”, e diz que o Estado chinês está minado pela corrupção. “A exagerada corrupção dentro do Partido é a prova disso. A única coisa que conta é a obediência absoluta à direcção do Estado”, afirma Joseph Zen, que aponta ainda o dedo à perseguição que o regime liderado por Xi Jipang tem feito a todos os que procuram defender os direitos humanos no país.

“A princípio tinha esperança que a situação melhorasse, porque o presidente actuou contra a corrupção no governo e na sociedade, mas muito depressa se tornou evidente que ele também estava apenas interessado no poder”, diz o cardeal, acrescentando que “com o seu Governo as pessoas que lutam pelos direitos humanos são perseguidas, humilhadas e condenadas em processos de propaganda”.

O bispo emérito de Hong Kong lamenta, também, que pouco ou nada se saiba sobre as negociações entre o Vaticano e Pequim, com vista à normalização das relações entre os dois Estados. Não esconde, aliás, o seu cepticismo porque, em sua opinião, o regime chinês “não aceitará nenhum outro resultado que não seja a submissão da Igreja à liderança do Partido Comunista”. E dá como exemplo o que se passou este ano durante a Semana Santa, quando os Bispos que obedecem a Roma “foram obrigados a participar em cursos de formação política, pelo que não puderam celebrar a liturgia com os seus fiéis.”

Na China os católicos fiéis ao Papa pertencem à chamada Igreja clandestina, depois de em 1957 ter sido criada a Associação Patriótica Católica, para assegurar que os católicos chineses vivem a sua fé em conformidade com as políticas do Estado. Os que não integram esta “igreja oficial” são perseguidos. “Há no país cristãos que lutam valentemente por uma sociedade melhor. Porém, muitos deles estão presos”, lembra o bispo Joseph Zen, defendendo que o futuro do cristianismo na China depende da forma “como se vive a fé em autenticidade”.

Questionado sobre o culto a Nossa Senhora de Fátima, o cardeal lembra que “na China, todos conhecem as Mensagens de Fátima, incluindo os comunistas”, que “estão muito preocupados com isso e têm medo da Virgem de Fátima”. Conta mesmo que “este medo chega a ser grotesco. Por exemplo, os comunistas não se opõem à exibição de imagens de Maria Imaculada, ou de Maria Auxiliadora, mas as imagens de Nossa Senhora de Fátima estão proibidas”.

Comentários
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  • mendes
    24 mai, 2017 braga 15:40
    nada desta reportagem e novidade toda a gente sabe que os comunistas e afins nao sabem o que e liberdade apregoam a liberdade mas prendem quem nao lhes obedece chamam os outros de fascistas mas eles sao donos dos monopolios-era assim na urss e asssim na china e assim na coreia do norte e agora na venezuala e angola e infelizmente portugal para la caminha

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