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O kitsch de Fátima já não é o que era. Palavra de especialista

12 mai, 2017 - 15:45 • Cristina Nascimento , Joana Bourgard (fotos)

Autora do livro “Fátima Kitsch – Outra Estética” diz que na década de 50/60 os objectos eram mais criativos.

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Goste-se ou não, também é imagem de marca de Fátima: as lojas pequeninas a rebentar pelas costuras com todo o tipo de objectos alusivos a Fátima. Há leques, isqueiros, t-shirts, bonés, bases de cortiça, imagens de Nossa Senhora e dos Pastorinhos e muitos terços, de todas as cores e materiais. Mas a “memorabilia” religiosa já não é o que era. É pelo menos o que pensa Ondina Pires, autora do livro, “Fátima Kitsch – Outra Estética”, editado recentemente.

“Com o decorrer das décadas e com a industrialização, a nível estético, as imagens começaram a ficar, mais grosseiras e houve menos interesse em apostar numa 'memorabilia' religiosa bonita, interessante”, diz a autora, em entrevista à Renascença.


A colecção já grande, que com dificuldade consegue ter arrumada em casa, tem objectos já históricos e são esses os predilectos da coleccionadora.

“Tenho algumas peças feitas em fábricas portuguesas dos anos 50/60, da marca Hércules, Ribeirinho, Pátria, etc. pelas quais tenho um grande apreço porque eram peças muito bonitas com cores atraentes, pormenores até de bom gosto”, diz.

Com a vinda do Papa Francisco, surgiu nova onda de produtos para assinalar a visita, mas Ondina Pires diz que “ainda não viu nada de jeito”, ao contrário do que aconteceu com outras visitas papais.

“Antes da vinda do Papa Paulo VI, nos anos 60, em Portugal, nessa altura foi produzida muita coisa. Tenho várias peças engraçadíssimas, por exemplo, as televisões pequeninas que eram oferecidas às crianças com imagem do Papa Paulo VI, Nossa Senhora do Rosário de Fátima, etc.”.

O que é, afinal, o kitsch? “São representações feitas em materiais menos nobres e com carácter mais popular, um pouco mais infantilizado do que, por exemplo, a arte sacra que são de facto representações feitas por artistas, por escultores”, diz Ondina Pires.

A autora explica que escreveu o livro “numa perspectiva de coleccionadora” e também com um carácter informativo “para crentes e não crentes porque muitas pessoas têm dúvidas sobre determinados símbolos que são ligados a Nossa Senhora do Rosário de Fátima”.

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