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Risco que homicida de Barcelos representava pode não ter sido "convenientemente avaliado"

24 mar, 2017 - 15:27 • Hugo Monteiro

O suspeito do múltiplo homicídio de São Veríssimo ter-se-á vingado de pessoas que recusaram testemunhar a seu favor em tribunal. Rui Abrunhosa, especialista em psicologia criminal e forense, defende que importa apurar que "características tem esta personalidade" para determinar se falhou a avaliação do risco que o suspeito representava.

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O especialista em psicologia criminal e forense Rui Abrunhosa diz à Renascença que é necessário avaliar as características do homem suspeito de ser o autor do múltiplo homicídio ocorrido esta sexta-feira em Barcelos, mas encara como possível a hipótese de ter havido um erro na avaliação do risco que o indivíduo representava.

"Uma situação como esta é rara", começa notar este especialista, professor da Universidade do Minho, adiantando que este tipo de episódio "é aquilo que na literatura geralmente é referido como um homicídio em massa encadeado", que é "geralmente associado a perturbação mental por parte do ofensor".

Rui Abrunhosa não crê que no quadro de motivações do homicida esteja um efeito de "imitação". "Não diria que há nisto algo de questões de imitação. Vejo é uma situação muito localizada, em que há alguém que não consegue conter a sua raiva, a sua frustração, e decide tomar a pior decisão que podia tomar", declara.

"É preciso apurar, naturalmente, em sede de avaliação psicológica forense e psiquiátrica, que características tem esta personalidade, se era ou não era portador de algum tipo de perturbação ou se estava ainda sob o efeito de algum estupefaciente, que isso também é importante detectar, mas, obviamente, era um indivíduo com imensa raiva e com a necessidade de descarregar isso num acto muito muito muito agressivo", sustenta o docente da UM.

"Agora o importante é enquadrar isto no funcionamento dessa personalidade. Eu diria que o contexto é sempre importante, em qualquer circunstância, mas o mais relevante é avaliar a forma como esta pessoa lidou com o eventual problema que tinha. Se calhar, o importante teria sido perceber o risco que este indivíduo representava. Por aquilo que, para já, se sabe, não terá sido convenientemente avaliado", diz, ainda, Rui Abrunhosa.

"No quadro da criminalidade portuguesa, estas casos são, efectivamente, casos raros e, também por essa razão, o relevo que lhes é dado é natural", remata o especialista em psicologia criminal e forense.

Comentários
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  • Sempre Atento
    25 mar, 2017 Aveiro 08:43
    Depois de acontecerem as desgraças é que as autoridades aparecem, e normalmente até sabem quem são os bandidos, enfim!!!!!!!!!!!!
  • JN
    24 mar, 2017 JP 20:26
    Excluindo os casos de pertubação mental do foro de psicopatia e afins, eu tenho opinião de que estas situações têm de ser analisadas de várias perspetivas. Excluindo os casos mencionados anteriormente, este tipo de situação tem origem em lobos vestido em pele de cordeiro que fazem das suas de "fininho" atormentando os outros psicologicamente utilizando para isso o medo e a sua prepotência. Claro que como qualquer ser humano vitima destas situações, chegará a uma altura em que a justiça tem de ser reposta e aí acontecem certas situações em que as pessoas ficam muito abaladas. Pensem nisso! PS: Não estou afirmando que foi o caso nesta noticia. Em minha opinião, não tenho dados suficientes para opinar. Apenas quis transmitir um outro lado da história.
  • Real Soares
    24 mar, 2017 Alcoentre 20:07
    Como sempre o senhor Abrunhosa, fala, fala, mas não diz nada. Na minha modesta e simples opinião este cavalheiro devia agendar uma palestra em Caldas da Rainha, dissertando sobre o significado do artesanato local e a sua aplicação nos "sabe-tudo"-
  • Sérgio Pestana
    24 mar, 2017 Madeira 18:46
    Uma vergonha a nossa Justiça. E agora? Paz e forças às famílias. Este canalha matou cinco!!!
  • Rodolfo
    24 mar, 2017 Lisboa 18:15
    Casos raros não são tanto assim, não chegam é a este ponto! Muitos casos destes ficam pela pancadaria e nem chegam a público. São tensões, frustrações acumuladas , que uma vez perdido o controlo, só param quando todo o mal já está feito.
  • Eglantina Prazeres
    24 mar, 2017 Grângola 18:05
    cuidado com os direitos humanos ??? de quê dos que matam destroem vidas ou os que morrem ou ficam com as vidas destroçadas quem fala nos direitos humanos dos que destroem a vida das outras pessoas devia também pensar naqueles que ficam as vidas destroçadas ok
  • JD
    24 mar, 2017 Algures 16:30
    Que titulo é este??? "pode não terá sido"...Mas já ninguém sabe escrever português??? Que tristeza

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