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AIS propõe “recentrar o olhar em África"

19 mar, 2017 - 15:52 • Ângela Roque

Campanha de Quaresma da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre quer dar a conhecer o sofrimento dos países africanos, e o que já está a ser feito no terreno. Só a AIS tem 1.800 projectos em 45 países, mas precisa de apoio para continuar a ajudar.

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A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) lançou uma campanha internacional de apoio à Igreja em África.

Catarina Martins, da Fundação AIS em Portugal, explica à Renascença que a organização decidiu que nesta Quaresma era preciso recentrar as atenções no continente africano:

“Nos últimos anos a AIS tem estado muito focada no que está a acontecer no Médio Oriente, mas nós continuamos a ajudar o mundo todo. Onde há alguém que esteja a ser perseguido, onde há uma necessidade por causa da sua fé, a AIS quer estar presente. E África não tem sido esquecida, continuamos a apoiar, mas não temos falado tanto. Agora foi decidido que é preciso dar a conhecer esta realidade que não é tão falada”.

Mas, porquê agora? “Porque temos situações gravíssimas que estão a acontecer em África. A lista dos 20 países mais pobres está em África, que precisa, de facto, de ter a ajuda do exterior, ajuda de instituições como a AIS e outras que estão no terreno”.

Catarina Martins apela, por isso, à generosidade de todos nesta campanha, lembrando que são os sacerdotes, religiosas e leigos que asseguram a ajuda de emergência e os serviços básicos em muitos países: “São os padres, são as irmãs, que ajudam na questão da alimentação, na questão da educação, na questão da saúde. Os bens essenciais que uma comunidade necessita estão quase sempre assegurados pela Igreja”, sublinha.

Só a AIS promove directamente 1.800 projectos em dezenas de países africanos, mas para lhes dar continuidade precisa de apoio: “Estamos em 45 países a apoiar directamente a Igreja, alguns com mais incidência”, explica. É o caso do Sudão e do Sudão do Sul, onde “a ONU prevê que a partir de Junho não haja mais comida, por causa da seca”, lembra a responsável pela Fundação em Portugal, lamentando a situação dramática que se vive no mais jovem país do mundo, onde o conflito tribal se reacendeu.

“É uma situação de grande violência. Há ali uma conjugação de vários factores que tem levado a uma fuga em massa e, mais uma vez, é a Igreja que está a ajudar estas pessoas nos bens essenciais, é nas igrejas que conseguem encontrar algum conforto e algum apoio. Há aldeias e vilas que estão completamente devastadas. São duas etnias que estão a lutar entre si e é a Igreja que está neste momento a acolher as pessoas que perderam tudo, e que está também a fazer um trabalho extremamente importante que é o de promover a reconciliação entre as partes”.

A Nigéria tem sido outras das grandes prioridades da AIS, tal como a República Centro-Africana, a República Democrática do Congo, mas também a Tanzânia, o Chade, o Quénia ou os Camarões. Em muitos deles tem alastrado o terrorismo e a perseguição religiosa, pondo em causa “a tradicional harmonia e tolerância em que as comunidades cristãs e muçulmanas têm vivido em África”.

A campanha da AIS quer, por isso, sensibilizar os cristãos de todo o mundo para o sofrimento no continente africano, onde há uma mistura explosiva de guerra e conflitos tribais, terrorismo e perseguição religiosa, fome e pobreza extrema. “Há países onde a situação é dramática, porque para além destas questões da pobreza, nos últimos anos aumentou a perseguição religiosa por grupos radicais que estão a actuar em vários países. Está a ser feita uma limpeza das religiões minoritárias, e de facto só a Igreja católica e as instituições da Igreja poderão estar no terreno a ajudar”, sublinha Catarina Martins Bettencourt.

Mas, apesar de todas as dificuldades há “sinais estimulantes de novas vocações e de uma vitalidade surpreendente da vida comunitária da Igreja”. Segundo os dados da AIS, o número de fiéis quadruplicou nos últimos 35 anos, passando de 55 milhões para 215 milhões. África é, a par da Ásia, o continente com o aumento mais significativo de vocações sacerdotais.

A campanha de Quaresma da AIS está a ser promovida a nível internacional pelos 23 secretariados da Fundação, e não visa ser apenas um gesto humanitário de auxílio às populações em risco, pretende também ser “uma resposta dos cristãos de todo o mundo – e de Portugal também – à Igreja necessitada em África, e que precisa, mais do que nunca, da nossa ajuda”.

Esta campanha de apoio à Igreja que sofre em África decorre ao longo da Quaresma. Para saber como ajudar entre em contacto com a Fundação AIS, através do seu site ou da sua sede em Lisboa.

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