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"Nunca aceitaria ser doente de um médico disposto" à eutanásia, diz ex-bastonário

16 mar, 2017 - 12:50

Germano de Sousa defende que, caso a eutanásia seja despenalizada, a Ordem dos Médicos terá de tornar pública a lista dos profissionais que estariam dispostos a praticá-la.

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O ex-bastonário dos Médicos Germano de Sousa diz que nunca aceitaria ser doente de um clínico que estivesse disposto a praticar eutanásia, defendendo que a lista desses médicos terá de ser publicamente divulgada.

"Eu nunca aceitaria ser doente de um médico que estivesse disposto a matar", declarou Germano de Sousa, esta quinta-feira, durante um encontro com jornalistas promovido pelo movimento cívico Stop Eutanásia.

Para o antigo bastonário, caso a eutanásia seja despenalizada, terá de ser divulgada pela Ordem dos Médicos a lista dos profissionais que estariam dispostos a praticá-la.

"Se a eutanásia for aprovada, quem quererá ser o Dr. Morte português? Que doente confiará nele?", questionou Germano de Sousa.

O médico e antigo responsável da Ordem considera que "quem quer fazer aprovar leis sobre a eutanásia é gente profundamente egoísta".

"Estes senhores deputados que defendem a eutanásia é gente que na realidade é frágil e tem medo de encarar o sofrimento dos outros", acrescentou.

Germano de Sousa manifestou-se ainda contra o que considera ser a arrogância dos partidos que pretendem legalizar a eutanásia sem o terem proposto aos eleitores nos seus programas de Governo.

Sobre os deputados que se dizem contra o referendo, o antigo bastonário compara-os ao "Dr. Salazar".

Germano de Sousa julga que seria preferível nem levar o assunto a referendo, mas considera que será uma alternativa melhor do que a aprovação da lei sem consulta aos portugueses.

O médico considera que a eutanásia é "apenas sintoma de uma sociedade altamente egoísta", frisando a ideia de que actualmente "é possível tirar completamente a dor a quem sofre".

Durante o encontro com jornalistas, o movimento Stop Eutanásia exibiu dados sobre a realidade em países com legislação que permite a morte assistida.

Segundo os números apresentados, na Holanda os casos de eutanásia triplicaram em 12 anos e na Bélgica aumentaram cinco vezes numa década.

Comentários
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  • 21 mar, 2017 21:27
    A eutanásia faz parte da ideologia do quanto pior melhor.
  • A
    17 mar, 2017 a 12:08
    Andais a ver muitos filmes! Pensai pela vossa cabeça! Não vos deixeis Silênciar! Ainda há um pequeno "pormaior", e se eu não poder escolher? Diz o senhor doutor que "nunca aceitaria ser doente..." e se eu não estiver em condições de escolher? E se já não existir ninguém que possa dizer qual seria a minha vontade? Qual é o médico que me vai assistir... Quando a humanidade perde a esperança, perde a vontade de viver!
  • Mafurra
    16 mar, 2017 Lisboa 15:59
    Demagogia é isto ! Este senhor sabe melhor que ninguém que eutanásia não é matar. É muito simplesmente ABREVIAR um desfecho que os médicos não sabem como resolver e que até lá vai provocando dores insuportáveis. Este senhor doutor devia ver o filme "Silêncio" e estar com muita atenção aos diálogos. Por vezes o fanatismo leva a que se dê mais valor ao sofrimento humano do que ao bem-estar das pessoas. Por motivos religiosos não se importam de sofrer e fazer sofrer. Dr. Germano de Sousa : eu nunca aceitaria ser seu doente...
  • Carlos Santos
    16 mar, 2017 Lisboa 15:28
    Dr. Germano de Sousa, o senhor apenas vê a Eutanásia como se fosse mais um medicamento para atenuar ou tirar uma dor, o que é uma visão redutora da Eutanásia. Já leu o livro da Profª Laura Ferreira dos Santos: Ajudas-me a morrer? Talvez fique mais elucidado. Obrigado.
  • powerverde
    16 mar, 2017 cbr 15:25
    Querem ver que um médico que esteja disposto a ajudar na eutanásia vai começar a matar os seus doentes todos, só porque sim? Estes actos de demagogia bacoca não deviam ter qualquer publicidade nos nossos meios de comunicação social. O que este senhor está a fazer é pressão pela intimidação, em vez de dialogar e promover o seu ponto de vista com críticas construtivas. Este demonstrar de tacanhez só me leva a dizer que estou satisfeito por não ser doente deste médico.
  • Judite Gonçalves
    16 mar, 2017 Barreiro 15:00
    Ora aqui está alguém que exprime a sua opinião sem medo. Aqui está claramente alguém que não tem medo de estar contra a opinião dominante. O Dr. Germano de Sousa tem a coragem de abordar a questão da eutanásia, tal como deve ser abordada. Que médicos queremos ter, a quem é que vamos confiar a nossa vida e a nossa saúde. Antes pensava-se o dever dos médicos, era salvar vidas, com a possibilidade de a lei da eutanásia ser aprovada e com as leis do aborto, parece que esse deve já não é função dos médicos. Mas esta sociedade é assim, os políticos decidem sobre a vida e a morte dos seus concidadãos, os restantes aceitam, calam-se ou então não se decidem.
  • Jorge
    16 mar, 2017 Sintra/Queluz 14:56
    Concordo! A morte não deve ser banalizada. A defesa da vida é uma prioridade da humanidade, em quaisquer circunstâncias. Viva a vida!
  • João Lopes
    16 mar, 2017 Viseu 14:49
    A eutanásia e o suicídio assistido são diferentes formas de matar. Os médicos e os enfermeiros existem para defender a vida humana, não para matar nem serem cúmplices do crime de outros.

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