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Armando Silva Carvalho vence prémio do Correntes d'Escritas

22 fev, 2017 - 12:38 • Maria João Costa

Um obra escolhida “pela força imagética da sua escrita e pela tensão conseguida entre ironia e melancolia”, justifica o júri.

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“A Sombra do Mar” é o livro de poesia de Armando Silva Carvalho vencedor do Prémio Literário Casino da Póvoa 2017. Nas palavras do júri esta obra, editada, pela Assírio e Alvim, é distinguida “pela força imagética da sua escrita e pela tensão conseguida entre ironia e melancolia”.

A escolha “resultou de demorada análise e discussão”, segundo a acta lida na sessão de abertura da décima oitava edição do Festival Literário Correntes d'Escritas, no Casino da Póvoa.

Entre as obras finalistas, “particular atenção mereceram” também “Bisonte”, de Daniel Jonas, e “O fruto da gramática”, de Nuno Júdice, acrescenta o júri.

“A Sombra do Mar” é um livro onde há, como de resto em outras obras do poeta, referências a Fernando Pessoa ou a Cesário Verde e onde se cruzam temas como o tempo e a morte ou a sombra da doença.

O júri constituído pelos escritores Almeida Faria, Carlos Quiroga, Inês Pedrosa, o diseur de poesia Isaque Ferreira e a investigadora Ana Gabriela Macedo escolheu de entre os mais de 70 livros a concurso. Na lista de finalistas estavam, além de Armando Silva Carvalho, os poetas António Carlos Cortez com o livro “Animais Feridos”; Paulo José Miranda com “Auto-retratos”; Daniel Jonas com “Bisonte”; Nuno Júdice com o livro “O fruto da gramática”; o actual ministro da cultura e poeta Luís Filipe Castro Mendes com o livro “Outro Ulisses regressa a casa”; Miguel Manso com “Persianas” e Filipa Leal com a obra “Vem à Quinta-feira”.

Em edições anteriores o festival organizado pela autarquia da Póvoa de Varzim já distinguiu outros poetas como Ana Luísa Amaral em 2007, Gastão Cruz em 2009, Pedro Tamen em 2011 e Hélia Correia em 2013.

No ano passado, o prémio foi para uma obra em prosa e o vencedor foi o escritor espanhol Javier Cercas pela obra “As Leis da Fronteira”. Já antes tinha distinguido autores como Lídia Jorge, Calor Ruiz Zafón, Maria Velho da Costa, Ruben Fonseca ou Manuel Jorge Marmelo.

Biografia

Nascido em Óbidos, Armando Silva Carvalho é licenciado em Direito e chegou a exercer actividade como técnico publicitário. Além de poeta tem actividade como tradutor. É responsável pela tradução de autores como Samuel Beckett, Jean Genet, Marguerite Duras entre outros. Vencedor do Prémio Revelação da Sociedade portuguesa de Escritores com a obra “Lírica Consumível”, Armando Silva Carvalho é autor de obras como “o Amante Japonês”, “De Amore”, “O Homem que Sabia a Mar” ou “O que foi Passado a Limpo”. Em 2016 venceu o Prémio Pen Clube, na categoria de poesia, com o livro “A Sombra do Mar”, o mesmo aqui premiado na Póvoa de Varzim.

Um poema do livro

POEMA QUE FOI CURTO

Num poema curto a corrente do sangue corria

como um planeta levando no dorsal

a filosofia pública da hora,

e a luz nua e directa incidia sobre o corpo,

real, absoluta.

Hoje o poema teima sempre em ser maior,

e a história, o tempo, a memória e o verso porque é velho,

ocultam-lhe a idade nas curvas irreconhecíveis

dum vulto.

É sempre cada vez mais longa a maratona,

e as insistentes palavras

parecem desistir enquanto avançam.


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