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Reportagem

Paulo pôs a gravata azul (como a do Presidente) para almoçar com o amigo Marcelo

03 fev, 2017 - 19:12 • Lusa

Um casal de antigos sem-abrigo receberam um convidado especial para almoçar: Marcelo Rebelo de Sousa. No Bairro da Horta Nova, em Lisboa, houve ainda correria com crianças.

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Paulo e Filipa, um casal de antigos sem-abrigo, receberam esta sexta-feira um convidado especial para almoçar, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, empenhado em "ter um Portugal mais justo" e apoiar os que estão “na margem da sociedade”.

De fato e gravata – azul clara, tal como Marcelo costuma usar – Paulo, juntamente com a mulher Filipa, recebeu o Presidente da República à porta do prédio que, no quarto andar, acolhe a casa onde agora habita em Lisboa, depois de 27 anos a viver na rua.

Paulo e Filipa já estão habituados às lides presidenciais. Quando casaram, na comunidade Vida e Paz, o antigo chefe de Estado Cavaco Silva foi o padrinho do matrimónio.

Empadão de atum, pudim – pouco doce, como deve ser, segundo Marcelo – vinho branco e sumo de laranja compuseram a ementa de um almoço "óptimo e espectacular" nas palavras do Presidente da República, que retribuiu o convite que lhe havia sido feito na Festa de Natal da Comunidade Vida e Paz e vai abrir as portas de sua casa, "que é mais íntima" do que o Palácio de Belém, para Paulo e Filipa irem almoçar.

Mas o “menu” que o Presidente da República quis servir aos jornalistas foi bem diferente. “Nós precisamos de ter um Portugal mais justo. Não é só criar mais riqueza - é muito importante -, mas é preciso puxar por aqueles que estão na margem da sociedade", disse.

Marcelo Rebelo de Sousa quer que o plano nacional de apoio aos sem-abrigo seja executado e vai receber "na próxima semana a Comunidade Vida e Paz, que tem um documento para apresentar sobre essa matéria".

"E agora que aos poucos, muito lentamente, estamos a sair da crise, é importante que se crie condições para que também esses nossos compatriotas tenham condições de vida completamente diferentes", apelou.

A história “espantosa” de Paulo

O chefe de Estado revelou aos jornalistas que descobriu que conhecia Paulo "há quase 30 anos", uma "história espantosa" já que não se lembrava dele porque “está muito mais magro".

"Quando eu fui candidato a Lisboa de repente ele apareceu lá para me apoiar e não havia ninguém que ficasse à noite a tomar conta da sede. E eu pedi a uma pessoa, que agora descubro que era o Paulo, que andava pela noite e pelas ruas e foi ele que andou a tomar conta da sede durante aqueles meses", contou, perante o ar embevecido de Paulo.

Aproveitando a maré de revelações, Paulo confidenciou aos jornalistas – com a autorização de Marcelo – que foi uma das pessoas que se atirou à água atrás dele no dia de campanha em que o agora Presidente da República mergulhou no Tejo

"Para mim foi uma grande honra ao fim de tantos anos recebê-lo em minha casa e dizer que para mim e para a minha esposa é uma alegria enorme, dentro das minhas possibilidades, não ter falhado com nada ao senhor Presidente", disse, de lágrimas nos olhos.

Mas a visita de Marcelo Rebelo de Sousa ao Bairro da Horta Nova, na zona de Telheiras, não se ficou pelo convite do almoço. Rodeado por muitas crianças que não mais o largaram, foi até à esquadra local para cumprimentar o pessoal "que tanto ajudou o Paulo", que trabalha há oito anos no Sindicato de Profissionais de Polícia.

O chefe de Estado fez uma pequena ronda pelas crianças para saber o que elas queriam ser e, de um pequenito mais destemido, ouviu que queria ser Presidente da República. "Por que é que queres ser Presidente? Ser Presidente dá tanto trabalho?", avisou.

E pelos vistos dá, porque quando ia a caminho do carro, Marcelo Rebelo de Sousa ainda desafiou as crianças que o acompanhavam a fazer uma corrida.

"Um, dois e três". Sorriso de criança no rosto e gravata ao vento, o Presidente da República ainda teve tempo para um último “sprint”, que também não estava programado, e foi ver as condições da casa de uma senhora que lhe disse que tinha problemas de acessibilidade.

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  • Vitor
    04 fev, 2017 Vieira 16:36
    É triste o nosso Presidente alinhar nas jogadas eleitoralistas do Kamarada Kostodinov. Andam a dar uma côdea aos pobres e pronto, aparecem todos fanfarrões como se tivessem salvado o mundo! Eles propagandeiam que aumentaram isto e aquilo, mas na realidade apenas andaram a dar uns cêntimos a troco de uma cruzinha nas próximas eleições. Disseram que eliminavam a sobretaxa... Eliminaram a sobretaxa que não precisava de ser eliminada. Não perceberam? Eu explico. Por exemplo, a minha mãe é reformada e quando recebia o subsídio de féria pagava 40 euros de sobretaxa, Quando preenchia o IRS o governo devolvia-lhe esse dinheiro com juros. Quem for sério e não tiver as vistas turvas sabe muito bem que a minha mãe não chegava a pagar nada. Para que serve agora o Kostodinov dizer que ela não vai pagar sobretaxa se na realidade ela não pagava?? Só há uma palavra para definir a governação do Kamarada: ILUSIONISMO!
  • Marta.Foutoura
    04 fev, 2017 Guimarães 10:47
    Porque será que a RR coloca noticias sobre as "bocas" que Marcelo manda antes ou fora do tempo e depois retira-as.Porque será?

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