Turquia ameaça UE com abertura das fronteiras aos migrantes

O aviso surge esta sexta-feira. O Presidente turco ameaça abrir as suas fronteiras aos migrantes, que querem chegar à Europa, caso Bruxelas congele as negociações com Ancara para a entrada daquele país na União Europeia.

“Quando 50 mil refugiados apareceram nas fronteiras, vocês começaram a choramingar e começaram a perguntar o que aconteceria se a Turquia abrisse as suas fronteiras. Se a UE quiser ir mais longe [com o congelamento das negociações], as nossas fronteiras vão ser abertas. Metam isso na cabeça”, disse o chefe de Estado Recep Tayyip Erdogan, num discurso em Istambul.

“Vocês nunca trataram dos refugiados de forma honesta, com humanidade e justiça. Não recolheram bebés enquanto eles davam à costa no Mediterrâneo. Temos sido nós a dar de comer a cerca de 3,5 milhões de refugiados neste país”, criticou sem citar ninguém em concreto.

As declarações acontecem depois de quinta-feira o Parlamento Europeu ter aprovado o congelamento no processo da adesão da Turquia à União Europeia. A votação aconteceu num momento de tensão entre a Turquia e a União Europeia. A relação piorou após a tentativa falhada de golpe de estado e das repressões subsequentes do governo, que afectaram todos todos os sectores da sociedade considerados não leais ao Executivo.

“Vocês não cumpriram as vossas promessas”, lembrou ainda Erdogan, fazendo uma alusão ao acordo de Março.

Acordo para conter fluxo de migrantes

Mais de 1,3 milhões de pessoas chegaram à Europa no ano passado - uma vaga gerou que polémica entre os vários Estados-membros em relação à sua distribuição e acolhimento. Para tentar conter os fluxos migratórios em direcção à Europa foi alcançado um acordo entre os líderes da europeus e a Turquia.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, estimou na altura que a aplicação do acordo pudesse custar entre 280 e 300 milhões de euros nos próximos seis meses. A Comissão Europeia ficou com a coordenação da logística, comprometendo-se Bruxelas a colocar quatro mil pessoas a trabalhar para pôr em prática o acordo que estipulou que cada pedido de asilo será tratado individualmente. O acordo entrou em vigor a 20 de Março e prevê que todos os migrantes irregulares oriundos da Turquia que entrem nas ilhas gregas sejam devolvidos à Turquia.

Em troca da cooperação de Ancara, os líderes da UE concordaram em acelerar a liberalização dos vistos para os visitantes turcos, de relançar as negociações de adesão e ainda em duplicar para um total de seis mil milhões de euros a ajuda que será concedida à Turquia até 2018 e que se destina a melhorar as condições de vida dos milhões refugiados no país.

A Turquia diz ter a maior população de refugiados a nível mundial: 2.7 milhões de sírios e 300 mil iraquianos.