11 nov, 2016 - 22:12
O suspeito dos crimes de Aguiar da Beira não falou perante o juiz, mas em entrevista à RTP antes de se entregar contou a sua versão. Pedro Dias garante que está inocente, há muitos “equívocos” e que chegou a ser ameaçado de morte por um elemento da GNR.
“Uma senhora sargento ameaçou-me de morte. Disse que eu corria risco de vida. Foi no dia 11 [de Outubro]. Mal recebi essa chamada estava a ser baleado no alto [da Serra] da Freita”, disse Pedro Dias na entrevista transmitida, na íntegra, esta sexta-feira à noite.
“A vontade dos agentes e dos populares era muito animalesca. Cheguei a estar metido num depósito de água de plástico e eles- os GNR – diziam: é hoje, temos de matar esse indivíduo porque nos está a dar trabalho a mais.”
Acusado da morte de um militar da GNR e de um civil, conta que a sua intenção, desde o início, era entregar-se às autoridades, mas só o fez ao fim de um mês e em directo na televisão por recear “levar um tiro”.
“Desde o primeiro dia que decidi vir para a minha família e entregar-me. Não o fiz antes porque mal cheguei ao alto da Freita foi recebido com uma rajada de G3. Fui perseguido como um animal. Cheguei a ouvir comentários a dizer que me iam matar. De civis inclusive. Era uma perseguição de morte”, sublinha Pedro Dias, de 44 anos.
Aquele que foi o homem mais procurado do país durante um mês clama inocência e nega a autoria das duas mortes, dos feridos e dos roubos.
Questionado se assume os crimes, diz que o GNR que o interpelou na madrugada de 11 de Outubro “terá coisas para dizer”. “O senhor GNR poderá facilmente responder-lhe a isso”, disse mais à frente.
O cenário de ser condenado à pena máxima não lhe passa pela cabeça. “De maneira nenhuma, não acredito numa coisa destas. Acredito que conseguirei provar que há aqui muitos equívocos”.
Pedro Dias argumenta que não fugiu, esteve sempre na zona de Arouca e Vila Real, e que apenas tentou “sobreviver”.
Nesta entrevista à RTP, descreve-se que é “uma pessoa que quer dar exemplo aos filhos, que deve assumir e enfrentar as coisas sem fugir delas”.
Ao país deixa uma mensagem final: “Espero que não entrem membros da Al-Qaeda a fazer diabruras no nosso país pequenino, que facilmente fariam se estivessem no meu lugar”.
Pedro Dias entregou-se à Polícia Judiciária na passada terça-feira, 8 de Novembro. Optou por não falar perante o juiz do Tribunal da Guarda e vai aguardar o desenrolar do processo em prisão preventiva, suspeito de dez crimes.