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Entrevista

Advogado da WikiLeaks: "A internet é um dos sítios menos seguros da terra"

09 nov, 2016 - 16:25 • Liliana Monteiro

Juan Branco, filho de pai português, é um dos 80 advogados da Wikileaks. De passagem pela Web Summit, revela, à Renascença, o modo de funcionamento desta organização internacional que divulga informações confidenciais de vários Estados e organizações.

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Filho de pai português e mãe espanhola, Juan Branco foi já assistente de um procurador do Tribunal Penal Internacional e conselheiro de François Hollande durante a campanha presidencial em França. Hoje, é um dos advogados da WikiLeaks, uma das organizações mais polémicas dos últimos anos.

Uma vez por mês, Branco visita Julian Assange, o mentor da organização, que se encontra na embaixada do Equador em Londres, onde obteve asilo politico, depois de varias acusações de espionagem.

De passagem pela Web Summit, em Lisboa, Juan Branco avisa que "a internet é um dos sítios menos seguros da terra".

"Há particulares que, por 50 mil euros, entram no computador e retiram toda a informação e nos telemóveis também", adverte, em entrevista à Renascença. Por isso, Juan Branco aconselha todos os utilizadores da internet a terem cuidado com as redes sociais, que têm uma memória infinita, a não guardarem informação sensível no computador e a darem preferência a contactos através de meios que não os virtuais.

Juan Branco não deixa, todavia, de lembrar que a internet é amiga do activismo e que é graças a ela que o WikiLeaks funciona. "O único objectivo do WikiLeaks é revelar informações que consideram que podem ajudar a construir uma sociedade melhor, revelar abusos de poder e evitar que eles continuem", afirma.

As informações chegam à organização de forma anónima, através do site da WikiLeaks, e toda a informação é verificada, sendo selecciona apenas a que é verdadeira. Juan Branco afirma que as pessoas visadas são contactadas antes de divulgarem os dados privados, mas raramente lhes respondem às questões, ameaçando de imediato com processos na justiça.

"Ponderámos se devíamos revelar os emails de Hillary"

Entre as muitas revelações anónimas que chegam à caixa de correio da WikiLeaks, surgiram informações sobre Hillary Clinton. "Ainda avaliámos se seria bom revelá-las, antes ou depois das eleições. A decisão foi rápida e, mesmo sabendo que podia haver consequências negativas para Julian Assange, ele decidiu que o mais importante era revelar a verdade", conta Branco.

Em Outubro, a organização revelou milhares de emails do director de campanha de Hillary Clinton, conteúdos que constavam de um servidor privado que a candidata usou enquanto secretária de Estado.

A WikiLeaks foi acusada de estar a tentar ajudar Donald Trump, mas Juan Branco sublinha que nunca lhes chegou qualquer informação comprometedora sobre o candidato republicano.

A divulgação dos emails de Hillary foi feita "em nome do interesse público", defende.

Assange envia mensagem

Com o calendário em cima do dia das eleições, Assange decidiu esclarecer por que razão foram divulgados emails apenas de Hillary Clinton, lembrando que o lema da organização é precisamente divulgar "informação verdadeira e importante, em nome do direito publico de informar" e que a maior vitória nas eleições norte-americanas é a de um público esclarecido e informado.

"Nada do que foi revelado resulta de um desejo pessoal de interferência nas eleições", sublinha Assange, numa nota, argumentando que só fez aquilo que qualquer órgão de comunicação social faria se tivesse a informação nas mãos.

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