06 nov, 2016 - 15:30 • José Pedro Frazão
António Vitorino e Pedro Santana Lopes criticam duramente a acção do FBI ao reabrir a investigação sobre as mensagens de correio electrónico trocadas em privado por Hillary Clinton. A decisão do director James Comey foi vista pelos democratas norte-americanos como uma interferência relevante na recta final da campanha presidencial.
“Era difícil inventar qualquer coisa mais para fazer à senhora Clinton. O que é incrível e incompreensível é o que fez o director do FBI. É inaceitável e contraria a tradição de que nos EUA não falam de investigações para lá de um prazo antecedente de um acto eleitoral”, afirma Pedro Santana Lopes no programa “Fora da Caixa” da Renascença.
O antigo primeiro-ministro considera que as consequências destas eleições vão colocar o sistema político americano em debate nos próximos anos.
“O senhor Trump não se tem cansado de dizer que se ganhar Clinton teremos uma questão constitucional por causa da investigação. E que questão haverá se a senhora Clinton não ganhar por causa disto, com a suspeita sobre o funcionamento das instituições de justiça norte-americanas? “, questiona Santana Lopes.
Por seu lado, António Vitorino estranha a falta de investigações dirigidas a Trump por comparação com o escrutínio a que Clinton está a ser sujeita.
“ O New York Times trouxe provas irrefutáveis de que o senhor Trump fez fraude fiscal. É espantoso como é que isso não dá origem a uma investigação equiparável no mínimo. Nivela-se por baixo, mas ao menos nivelava-se”, afirma o antigo comissário europeu, para quem “esta discriminação” não tem explicação.
E se o “caso dos emails” for decisiva na eleição? “ Se tiver efeitos eleitorais isso vai lançar enorme mancha sobre este processo eleitoral. A democracia americana já teve o célebre caso dos votos na Florida e poderemos estar perante uma situação semelhante.