11 out, 2016 - 20:51 • José Pedro Frazão
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Um motorista da Uber cujo carro é atacado por diversas pessoas. A imagem foi transmitida em directo para todo o país e, na opinião do antigo ministro socialista Vera Jardim, causou dano à percepção pública do comportamento profissional dos taxistas.
“Abanar um carro com pessoas lá dentro não serve a causa dos taxistas, acho eu. Bem pelo contrário. O interesse dos consumidores é o interesse fundamental. Naturalmente que a partir de hoje não vão simpatizar mais com a causa dos táxis ou de um modo geral à causa dos taxistas”, afirma o militante do PS no programa “Falar Claro” da Renascença.
O comentador acredita que os incidentes, no protesto de segunda-feira, não servem os
Interesses dos taxistas, “porque é evidente que as pessoas não vêem nisto um exemplo de correcção de comportamento que é exigível a quem presta um serviço público”.
Vera Jardim admite que muitos consumidores já se sentem “melhor servidos” pela Uber e considera que a profissão de taxista “arrastou os pés no tempo, não se modernizando, não criando serviços à altura de um bom serviço público de táxis”, não apenas em Portugal, como noutros países.
“Tenho tido bons serviços e tenho tido maus serviços. Já fui deixado por um condutor no meio de uma rua, dizendo que não me ia levar, não lhe convinha”, confessa o antigo ministro da Justiça.
Uber deve ter requisitos diferentes
O aparecimento de plataformas de transporte como a Uber e a Cabify deve merecer uma regulação que não pode ser equiparada à aplicada ao serviço normal de táxis, defende o social-democrata Nuno Morais Sarmento.
O argumento do militante do PSD é também jurídico, contestando a possibilidade legal de impor a um negócio privado uma equiparação ao quadro de regulamentos que enquadram a actividade dos táxis, “actividade já com alguma regulamentação consolidada e uma natureza de serviço público e, por isso também não apenas obrigações, mas determinados direitos e vantagens”.
“Eu acho que juridicamente não é assim, não é dizer: ‘bom, eles fazem um negócio parecido vamos aplicar as mesmas regras’”, defende Morais Sarmento. O jurista considera que o serviço de táxis, pela sua natureza pública com vantagens e condições especiais, não pode ser comparado ao da Uber.
Sobre a experiência pessoal de utilização do táxi, Sarmento tem quase tudo para contar. “Já fui inexcedivelmente servido por motoristas de táxi e já saí de um táxi porque achei que não tinha condições, pela sujidade e o cheiro”, explica o antigo ministro do PSD, para quem há “uma verdade que dói ao fim do dia” que passa pela preferência de muitos clientes pela Uber.