14 set, 2016 - 07:10 • José Pedro Pinto
Quarta-feira, 8 de Agosto de 2007. Já passou quase uma década sobre um jogo que entrou para a história do Belenenses, da própria carreira de Jorge Jesus, que à data orientava o emblema do Restelo e que ficou ainda marcado por uma das muitas frases icónicas do actual técnico do Sporting.
Troféu Teresa Herrera. Real Madrid-Belenenses. Vitória por 1-0 dos "merengues", com um golo de Robinho, a uns muito tardios 88', com o guarda-redes Marco a comprometer na baliza do Belém. Nos anais do futebol ficava eternizado, ainda assim, um triunfo moral no primeiro confronto de "JJ" com os madrilenos, com os "azuis" a apresentarem-se de forma desinibida, personalizada e com avidez de posse. Não foi um "banho de bola" a um adversário no qual pontificavam nomes como Casillas, Sergio Ramos, Pepe, Cannavaro, Robinho, Raúl ou Saviola mas andou lá perto.
No final, Jesus falaria aos jornalistas, já depois de Bernd Schuster, treinador do Real, ter menosprezado o futebol praticado pelo Belenenses.
"Resposta única e exclusivamente à Jesus"
Zé Pedro atravessava, porventura, a melhor fase da carreira e estava em campo no encontro disputado na Corunha. Após o jogo, ouviu isto da boca do seu próprio treinador: "Fomos mais equipa. O Real, com os jogadores que tem, joga poucochinho, é preciso jogar mais. Se não o faz, o problema é do treinador. Com os jogadores dele, dava-lhe três de avanço, mudava aos cinco e acabava aos 10". Ficou tudo de boca aberta. Ou quase.
"A resposta foi única e exclusivamente à Jesus. Coisas à Jesus, às quais estamos habituados", recorda Zé Pedro, em entrevista a Bola Branca. "Em função dos dois plantéis, tendo o Real ganho 1-0 aos 88', o Jesus achava que o resultado tinha sido curto para o Real Madrid", prossegue o ex-jogador, hoje treinador, invertendo a lógica de Schuster.
"Se calhar não levaram o Belenenses tanto a sério e daí o desfecho do resultado final. Fomos capazes de estar não acima das nossas capacidades mas no limite das nossas capacidades e demos uma excelente resposta", relembra.
O "predador" dentro de Jesus despertava para nunca mais adormecer. O reencontro com os "blancos" é já esta quarta-feira.
"Sporting não deve fugir dos princípios que tem"
Ora, questionado sobre se Jorge Jesus deveria instruir os jogadores do Sporting a adoptar a mesma postura que o Belenenses assumiu perante o Real Madrid, Zé Pedro distingue o contexto competitivo para admitir que o leão deverá ter cautela face às transições rápidas para ataque da formação de Zinedine Zidane.
Mas, transportando-se do passado para o presente, o antigo jogador aconselha vivamente o seu ex-treinador a não abdicar do "ADN" que tem inculcado na genética verde e branca.
"Principalmente, o Sporting não deve fugir das ideias e dos princípios que tem, mantendo-se fiel a isso. Sem bola, terá de se preocupar com os contra-ataques do Real Madrid, porque é aí que o Real tem mais possibilidades de fazer mossa", receita, recordando, do ponto de vista estatístico, a boa réplica que os clubes portugueses costumam dar aos colossos do futebol europeu.
"Pelo historial das equipas portuguesas nas competições europeias, é preciso não esquecer que temos dado grandes respostas e não espero outra coisa que não seja uma boa resposta do Sporting, apesar de se saber que está num grupo muito difícil", conclui.
O Real Madrid-Sporting arranca às 19h45, no Santiago Bernabéu, com arbitragem do italiano Paolo Tagliavento. Jogo com relato na antena da Renascença e acompanhamento ao minuto em rr.sapo.pt.