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Crianças desenraizadas são "presas fáceis" para traficantes

07 set, 2016 - 15:20 • Manuela Pires

Há 50 milhões de crianças desenraizadas em todo o mundo vítimas de violência, conflitos e pobreza. São crianças "sem alternativas", diz a directora da UNICEF em Portugal à Renascença.

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O número de crianças que teve de abandonar as suas casas aumentou muito nos últimos anos. De acordo com um relatório da UNICEF divulgado esta quarta-feira, há em todo o mundo 50 milhões de crianças desenraizadas, 28 milhões devido à violência e aos conflitos.

O relatório é conhecido a poucos dias de duas cimeiras sobre refugiados e migrantes, que vão decorrer em Nova Iorque, a 19 e 20 de Setembro. A UNICEF deixa várias recomendações aos líderes mundiais. Uma delas é a necessidade de proteger estas crianças que abandonam as suas casas à procura de uma vida melhor, mas enfrentam uma viagem cheia de perigos.

A directora da UNICEF em Portugal, Madalena Marçal Grilo, diz que muitas destas crianças viajam sozinhas e são apanhadas e exploradas pelos traficantes. “Estas crianças vêem-se sem alternativas e, como muitas vezes estão sozinhas, são presas fáceis dos traficantes que as obrigam a fazer trabalho escravo, são exploradas sexualmente, são vítimas de maus-tratos para poderem seguir viagem”, afirma à Renascença.

Neste relatório, a UNICEF pede ainda aos países que acolhem os refugiados para acabarem com as detenções de crianças que pediram o estatuto de asilo. Em 2015, mais de 100 mil crianças sozinhas requereram asilo em 78 países (três vezes mais do que em 2014). Em 2015, 45% de todas as crianças refugiadas sob protecção do ACNUR eram oriundas da Síria e do Afeganistão.

Cerca de 28 milhões de crianças fugiram da guerra, mas há 20 milhões que deixaram as suas casas por causa da pobreza ou da violência de gangues. Madalena Marçal Grilo explica que há muitas crianças que estão a sair dos seus países em África e na Ásia "por causa da pobreza, por causa das alterações climáticas, que têm implicações nas colheitas, e ainda devido à desestruturação familiar”.

A UNICEF apela aos líderes mundiais para que coloquem este problema no centro do debate de ambas as cimeiras e inclui igualmente no relatório um conjunto de recomendações e medidas políticas a adoptar.

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