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Jovens iraquianos não podem ser detidos. Que opções tem Portugal?

18 ago, 2016 - 20:59 • Liliana Monteiro

Uma advogada explica o que podem as autoridades fazer após a alegada agressão de dois jovens iraquianos a um jovem de Ponte de Sor.

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Dois jovens, de 17 anos, filhos do embaixador do Iraque em Portugal, são suspeitos de terem agredido violentamente um jovem de 15 anos em Ponte de Sor. Não podem ser detidos porque têm imunidade diplomática.

A advogada Vânia Costa Ramos, especialista em direito internacional e extradições, dá conta das opções que pode tomar este caso.

“É possível o Estado receptor pedir ao Estado de envio dessa pessoa para que esse Estado seja ele a exercer a acção penal, ou seja, que a pessoa seja julgada no seu próprio país pelo crime em causa. Por outro lado também é possível ao Estado receptor pedir a esse Estado de envio que levante a imunidade. Ainda há uma outra hipótese, a nível das relações diplomáticas, entre os países a nível do Ministério dos Negócios Estrangeiros e a pessoa ser declarada pessoa non grata e pode ter que abandonar o país”, disse.

A investigação está em curso e a decisão final nunca será da justiça, mas sim do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE).

Os dois filhos do embaixador do Iraque no nosso país foram ouvidos pela polícia, mas nesta altura pouco mais se pode fazer. “Eles podem ser ouvidos, mas não podem ser alvo de qualquer medida coactiva: detenções, revistas ou uma busca na residência ou apreensão dos seus pertences”.

Governo admite tomar diligências diplomáticas

O MNE informou que “eventuais diligências diplomáticas poderão ser consideradas” no caso dos dois filhos do embaixador do Iraque.

“O caso em concreto está a ser devidamente acompanhado pelas autoridades judiciais competentes. O Ministério dos Negócios Estrangeiros poderá servir de intermediários com a missão diplomática em questão se tal for solicitado. Eventuais diligências diplomáticas poderão ser consideradas, de acordo com o Direito Internacional, se tal vier a revelar-se necessário no decurso do processo”, refere o MNE em comunicado.

Os rapazes suspeitos de terem agredido na quarta-feira um jovem de 15 anos em Ponte de Sor são filhos do embaixador do Iraque em Portugal e têm imunidade diplomática.

A vítima sofreu múltiplas fracturas ao ser agredido numa rixa em Ponte de Sor, distrito de Portalegre, alegadamente por outros dois rapazes de 17 anos, e foi transferido para Lisboa.

Fonte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) disse à Lusa que o rapaz "apresentava múltiplas fracturas, escoriações e perda de conhecimento" no momento em que foi assistido.

“Sendo filhos de um chefe de missão diplomática, os jovens têm imunidade diplomática nos termos da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas. A imunidade de jurisdição penal é absoluta e só pode ser objecto de levantamento ou renúncia por parte do Estado representado por essa missão diplomática”, esclarece o Ministério.

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  • Victor
    22 ago, 2016 Lisboa 18:52
    Extraordinário é por estas leis e outras que os terroristas entram na Europa sem pedir licença a imunidade diplomática nos termos da Convenção de Viena isso deve ser pra rir. Como se pode alegar defesa próprio 2 contra um além disso não era preciso agredir até matar. Existe lei autoridades policiais em Portugal para apresentarem queixa. Demonstra bem que esta raça não presta e nunca vai prestar quem os conhece sabe bem disso.
  • Conceição Martins
    20 ago, 2016 Lisboa 22:27
    Gostava que fosse esclarecido o contexto da rixa- início,quem provocou e como. No entanto a selvajaria da agressão- dois contra um , filmagem-a situação de risco de vida e, se,escapar , as sequelas prováveis não podem deixar impune um acto de delito comum.No mínimo estes dois jovens devem ser expulsos e o respectivo pai substituido ,por não saber educar os filhos para comportamentos civilizados.Não devemos tolerar a estranhos o que não toleramos aos nossos.Somos acolhedores mas o comportamento de quem nos visita /recebemos tem de obedecer às nossas regras
  • maria
    20 ago, 2016 constancia 18:00
    se teem imunidade vao para o pais deles se fosse ao contrario o portugues ja estava detido porque eram filhos do sr embaixador eu so gostava de saber a posiçao desse senhor neste caso
  • Maria
    20 ago, 2016 Belgica 11:37
    Agora nem no nosso país estamos bem,ker dizer vêem esses merdas para aki agredir os nossos e n há lei para eles? Sem lei é no país deles. Pk se fosse o Português a fazer isso lá tava fodido. Atenção senhores políticos nos estamos em casa
  • J.Batista
    20 ago, 2016 Lisboa 09:54
    Estes rapazes podem ser julgados e ouvidos por vídeoconferência p/sua defesa. Se optarem pela ausência de defesa, serão condenados à revelia. Não há nenhuma lei no Mundo que permita um crime sem castigo. Todos os homens são iguais está inserido nos Direitos Humanos sufragados pela sociedade das nações, pelo que todo o crime tem castigo, á face da Lei dos homens. Assim, toda a explicação (justificação?)deste crime não ir à barra dos tribunais é falaciosa. Seria admitir que Hitler ou Estaline por serem diplomatas podiam cometer todas as atrocidades sem castigo! Ou seja, não há imunidade porque não há captura dos assassinos/criminosos.
  • Walter
    20 ago, 2016 08:35
    O que fazer neste caso? Expulsem-no! O Iraque que coloque um embaixador à altura de Portugal e não esses bandidos. O que está em causa é a dignidade do estado português que não pode e não deve em nenhuma hipótese compactuar com essa atitude criminosa de estrangeiros tendo ou não imunidade diplomática.
  • 777seven
    20 ago, 2016 Sao Paulo 03:13
    Nao podem ser presos, poque não os condena a comparecer a um psicologo diariamente, durante 7 anos por duas horas diarias, sob pena se faltarem de ser impedido de estudar no pais! Assim a familia se manda logo daqui!
  • Coimbra
    20 ago, 2016 Coimbra 02:25
    É assim que maiores problemas raciais comecam. Se fosse nos EUA agora os portugueses espancavam os primeiros iraquianos que apanhem por ai... Quaisquer uns. Entrava se numa escalada de violencia por causa de uns putos filhos de embaixador .
  • Rocfer
    20 ago, 2016 Coimbra 00:40
    A convenção de Viena, está claramente desajustada ao fim destes anos. Sujeitos de 17 anos, estrangeiros, alegadamente a conduzirem, atropelarem deliberadamente um cidadão menor depois de o espancarem com contornos de tentativa de homicídio, e saírem impunes disto tudo? Não acredito que o povo de um estado acreditador não fique indignado com esta permissividade e anuência à prática de crimes. Estas gentes não são dignas de estarem abrangidas por qualquer estatuto especial, mostram não terem respeito pelos valores ocidentais, vêm de uma zona do globo onde impera a violência há décadas, não podem de modo algum pertencer a missões diplomáticas, e t~em de pagar pelo crime que cometeram...são esses os nossos valores. Caso contrário, a justiça portuguesa, mais uma vez, mostrará uma total inoperância, protectora de crimes das gentes favorecidas e ficará mais uma vez desacreditada. Confesso que, se o filho fosse meu, e caso me fosse dada oportunidade, a coisa teria outro desfecho...
  • Santos
    20 ago, 2016 Leiria 00:33
    Se este caso tivesse acontecido no Iraque? Realmente um Sr. Ministro que representa Portugal, diz admitir intervir! Mais um governo falhado! É pena Portugal, estar a ser (des)governado por pessoas que não defendem os interesse dos cidadãos que os elegeram. Assim, Sr. Ministro Santos Silva, não. Pergunte lá ao governo do Iraque que medidas tomava se este episódio tivesse ocorrido no Iraque....

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