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Marcelo e os incêndios: "É altura de actuar porque daqui a um tempo já ninguém se lembra"

10 ago, 2016 - 12:19 • João Carlos Malta

Presidente da República pede que se avance para uma reordenação do território, com o objectivo de reduzir o número de terrenos sem proprietário.

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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fez esta quarta-feira um balanço sobre os incêndios que têm assolado Portugal nos últimos dias. Em visita a uma das áreas mais fustigadas pelas chamas, Vila Nova de Tazem, em Gouveia, distrito da Guarda, afirmou ser urgente pensar a reordenação do território e obrigar a que sejam cadastrados os muitos terrenos que estão ao abandono.

"É altura de actuar porque daqui a um tempo já ninguém se lembra", afirmou Marcelo.

Já esta tarde, depois de uma cerimónia em Gouveia, o chefe de Estado vai seguir para a Madeira para acompanhar “in loco” a situação dramática que ali se vive. Na quinta-feira, será a vez do primeiro-ministro, António Costa, e do ministro Planeamento e Infra-estruturas, Pedro Marques, a viajar para a ilha.

Em Gouveia, o Presidente ladeado pelos autarcas locais disse que o país precisa de “repensar o ordenamento do território”. Marcelo Rebelo de Sousa enumerou como principais problemas que contribuem para os resultados dramáticos dos fogos florestais as “terras abandonadas, as terras que ninguém sabe de quem são, e as que estão em partilhas”.

E, nestes casos, “é muito difícil a protecção” dos terrenos.

“Com calor e ventos muito fortes em zonas com empresas não tem havido fogos, mas em zonas com terrenos pequenos e abandonados têm sucedido”, reiterou.

Para Marcelo Rebelo de Sousa é tempo de elaborar um regime que “envolva os municípios e arranjar um esquema em que alguém seja responsável pela prevenção.” Propõe a que se efective o cadastro da propriedade dos terrenos para que depois se possa responsabilizar pela sua protecção.

A coordenação possível

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou ainda que acompanhou de perto a preparação para a época de combate aos fogos, em contacto com a Liga de Bombeiros e os bombeiros em geral, e “a opinião que havia é de que nunca se tinha preparado esta época tão bem.”

No entanto, “já se sabia que o Inverno prolongado tinha feito aumentar muito o mato e nos locais abandonados isso é um risco.”

Em relação ao que sucedeu na Madeira, Marcelo lembra que atacar um fogo na floresta nada tem a ver com combatê-lo dentro de uma cidade.

Os incêndios nocturnos

Questionado sobre se a moldura penal deveria ser reforçada para quem ateia um incêndio, o Presidente sublinhou que o tema é “discutido todos os anos.”

Mas que depois há um sentimento de perplexidade quando depois de tantos fogos “há sete ou oito detidos”.

Quanto à origem dos fogos, Marcelo disse que não tem teorias mas que tal como o Presidente da Junta de Vila Nova do Tazem “não é fácil por mais quente que esteja acender um incêndio [à noite]”.

13 fogos mobilizam mais de 1.700 operacionais

Mais de 1.700 operacionais estavam esta quarta-feira, às 12h30, a combater 13 grandes fogos florestais no continente português, ao mesmo tempo que no Funchal os bombeiros continuam a tentar apagar os vários focos de incêndio.

A Madeira foi assolada por vários incêndios desde segunda-feira em várias zonas da região, que provocaram três mortos no Funchal, centenas de desalojados, dezenas de casas destruídas e avultados danos materiais. Cerca de 135 efectivos, 115 oriundos de Lisboa e outros 30 Açores, foram enviados para a região para reforçar as equipas no combate aos incêndios.

O incêndio que mais meios mobiliza está a decorrer no concelho de Águeda, no distrito de Aveiro. O fogo que já tinha sido dado como dominado teve um reacendimento e no local, numa zona florestal, encontram-se 304 operacionais e 90 veículos a combater as chamas.

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  • Marco
    10 ago, 2016 Lisboa 19:24
    O cipreste e um excelente corta fogo plantado nas áreas circundantes das florestas, assim que acabar os incêndios a limpeza e reflorestação e importante para a estabilização dos solos querem plantar umas flores tambem força mas façam no não compliquem aquilo que todo ser humano sabe e deve fazer que é cuidar da natureza.
  • rosinda
    10 ago, 2016 palmela 19:19
    Eu por mim preferia discutir a viagem que marcelo fez a madeira ele por acaso e bombeiro?? Estamos em crise porra!
  • Alberto
    10 ago, 2016 Funchal 15:37
    Se o Estado comprar toda a madeira ardida e se proibir, durante 10 anos, a construção nas áreas de fogo...vão diminuir MUITO os fogos em Portugal.
  • jose silva
    10 ago, 2016 azinhaga 15:28
    concordo mas se calhar o sr.presidente não sabe que a floresta tinha milhares de guardas florestais ajuramentados que os senhores que estão á frente das reservas de caça... fizeram o favor de despedir nalguns casos como o meu com 25anos ao serviço da floresta potuguesa era ai que os governantes deviam dar a mao.
  • Dr Xico
    10 ago, 2016 Lisboa 15:21
    GNR, TROPA a patrulhar 24h as florestas sem pausas, e vão ver que os apanham, basta querer. Deixem lá as operações stop, nas estradas e vão todos para o campo/florestas. É uma ideia, mas não dá dinheiro claro
  • Zé dos Inc€ndios
    10 ago, 2016 lume da aldeia 14:53
    Eles falaram, falam e falarão...são desabafos, que de aqui a pouco tempo esquecem!
  • Armando Neves
    10 ago, 2016 Lisboa 14:47
    Concordo com o que o Senhor presidente diz"daqui a uns tempos ninguém se lembra ""Tenho uma sugestão a fazer: Se ninguém se lembrar, lembre-se o senhor...
  • Jose Silva
    10 ago, 2016 Porto 14:46
    Eucaliptos, eucaliptos e mais eucaliptos ... BASTA!!! Temos uma floresta infestada de Eucaliptos, árvore que arde 3 vezes mais rápido que as nossas árvores - Carvalhos, Sobreiros, etc. Os incêndios nunca teriam as dimensões que têm se tivéssemos florestas europeias normais (o que tínhamos há 50 anos atrás), e não monoculturas de eucaliptal que infestam as nossas florestas.
  • A. Aveiro
    10 ago, 2016 Aveiro 14:36
    Não adianta andar com lamentações ou projetos de combate a incêndios, sem que para o efeito, seja feito um ordenamento florestal do território. Temos a certeza que o eucalipto é a parte mais rentável para a exploração florestal, no entanto, temos a consciência de que o eucalipto é a espece de árvore que mais água retira dos solos e com maior carga combustível inflamável. Só não tem consciência disto, quem nunca assistiu ao desenvolvimento de um incêndio quando se aproxima destas plantações. Mas para maior objetividade á que fazer uma analise às áreas ardidas e verificar o comportamento da combustão quando chega às zonas não ocupadas pelo eucalipto. Sabemos que o interesse sobre o eucalipto ultrapassa a racionalidade, especialmente quando se trata de lucro fácil, contudo, à que pensar que o excesso pode trazer consequências, que podem por em causa a segurança e bem estar da população, bem como os rendimento desejados. Todos os anos assistimos a uma guerra que põe em causa a vida das pessoas e bens, por isso, é urgente pensar numa outra ocupação de solos mais humana e amiga do ambiente.
  • Marcelo Ferreira
    10 ago, 2016 albufeira 14:23
    Infelizmente nos encontramos em uma situação bastante preocupante, já foram tentado de tudo e nada se resolve, portanto, penso que hora de criar uma policia especializada, que fiscalize todo o país, porque: Pelo os vistos os incêndios são mais criminosos que acidentais.

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