23 jun, 2016
Margarida Marques acabou de chegar de uma visita oficial à Irlanda e reconhece que foi dominada ela questão do momento, até porque a Irlanda será o país que mais perde com a saída britânica. A governante lembra que a Irlanda é o único país europeu que tem fronteira terrestre com os britânicos. De resto, Dublin mostrou a sua preocupação e quis saber qual a posição do Governo de Lisboa quer ganhe o “sai” ou o “fica”.
Aconteça o que acontecer “a Europa não voltará a ser a mesma e será confrontada com uma enorme complexidade (de problemas) quer num caso, quer noutro. Os outros Estados-membros fizeram uma série de esforços e ofereceram solidariedade para com Londres porque todos querem que o Reino Unido continue a ser membro. Mas, se sair, importa discutir a relação que manterá no futuro com a UE”.
“Há dois aspectos que vão estar em cima da mesa: que relação a UE quer ter com o Reino Unido e até onde quer ir no acordo que estabelecer com o Reino Unido. É nesta conjugação de interesses que terá de ser encontrada solução”, afirma.
“Interessa-nos salvaguardar uma relação histórica. Temos interesse na cooperação económica e temos portugueses a residir no Reino Unido e são estes os maiores desafios”, diz a secretária de Estado.
Em relação a casos como o da Noruega e Suíça, Margarida Marques entende que são casos muito diferentes, porque estes dois países que têm uma série de acordos com a UE, de facto, nunca pertenceram à comunidade. No caso britânico é precisamente o contrário.
Quanto ao impacto económico que um Brexit pode ter na economia portuguesa, e que já foi estudado pelo FMI, Margarida Marques diz que interessa conjugar a relação bilateral que temos com o Reino Unido (e que vem de tempos anteriores aos da própria criação da CEE), com o tipo de acordo que a UE terá com londres se saírem.
Falou-se ainda da questão dos emigrantes portugueses e do seu futuro, da hipótese de se dar um crescimento dos partidos eurocépticos caso ganhe o “não” à permanência, de um possível “efeito dominó” noutros Estados-membros e de uma série de países poderem querer refundar a zona euro, só com as economias mais fortes (num movimento liderado pela Alemanha).