01 jun, 2016 - 11:04
Pelo menos 20 mil crianças estão sitiadas na cidade de Fallujah, onde o exército iraquiano lançou uma ofensiva para tentar recuperar o controlo da cidade, tomada pelo grupo terrorista Estado Islâmico (EI) no início de 2014. O alerta é da Unicef, que diz em comunicado que os civis estão a ficar sem comida e medicamentos e que a água também está a escassear.
"Desde o início da operação militar contra Fallujah, poucas famílias puderam sair" da cidade, sublinha a organização, apontando que a maioria das pessoas que conseguiram escapar foi localizada em dois acampamentos de deslocados, enquanto uma minoria procurou refúgio com familiares.
No dia 23, o exército do Iraque, com apoio de aviões da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos e milícias governamentais, deu início a uma ampla ofensiva contra a cidade, que fica cerca de 50 quilómetros a leste de Bagdade.
Tanto o comando do exército como o primeiro-ministro, Haidar al Abadi, lançaram desde então vários pedidos para que a população deixasse a cidade através dos corredores humanitários abertos pelas forças de segurança.
No entanto, segundo a Unicef, não parece que este plano para retirar os civis tenha tido sucesso até o momento.
"Enquanto a violência continua a aumentar em Fallujah e em todo o Iraque, estamos preocupados com a protecção das crianças diante desta situação de extrema violência", afirmou a Unicef, que também advertiu sobre os risco de os menores serem recrutados à força pelos jihadistas ou separados de suas famílias.
"As crianças que são obrigadas a serem recrutadas para a luta têm suas vidas e seu futuro comprometidos, pois são forçados a usar armas e a lutar em uma guerra de adultos", frisou a organização.
A Unicef também fez um pedido a todas as partes no conflito para que ofereçam protecção às crianças da cidade sitiada e para que se ofereçam caminhos seguros para todos que queiram deixar a cidade.
O EI estará a utilizar escudos humanos nos combates que trava pelo controlo da cidade de Fallujah, de acordo com denúncia apresentada em conferência de imprensa por um porta-voz das Nações Unidas.
William Spindler, porta-voz da agência da ONU para os Refugiados, indicou que cerca de 3.700 pessoas fugiram da cidade na semana passada, mas referiu-se a relatos no sentido de haver "centenas de famílias usadas como escudos humanos".
A ofensiva contra Fallujah, o segundo bastião mais importante do EI no Iraque depois de Mossul, entrou este domingo na sua terceira fase com o assalto ao núcleo urbano da cidade, onde as tropas leais ao governo em Bagdade se depararam com forte resistência dos extremistas armados.