08 abr, 2016 - 12:52
O ministro da Cultura, João Soares, apresentou esta sexta-feira ao primeiro-ministro, António Costa, a demissão das suas funções no Governo, invocando razões de solidariedade com o executivo. É a primeira baixa do Governo liderado por António Costa que tomou posse a 29 de Novembro de 2015.
Tal como a Renascença tinha avançado, o pedido de demissão já foi aceite pelo primeiro-ministro António Costa.
"Naturalmente aceitei o seu pedido de demissão", afirmou Costa, em declarações aos jornalistas na Casa do Roseiral, no Porto, depois de presidir à inauguração da última fase das obras do Centro Materno-Infantil do Norte.
António Costa sublinhou que "nos próximos dias" vai entregar ao Presidente da República "o nome de uma personalidade que substitua João Soares", sem esclarecer se já tem alguém pensado para o cargo.
António Costa disse ainda respeitar e aceitar a "avaliação que ele fez das condições que tinha para prosseguir no exercício destas funções".
As razões de Soares
"Torno público que apresentei esta manhã ao senhor primeiro-ministro, António Costa, a minha demissão do XXI Governo Constitucional. Faço-o por razões que têm a ver com a minha profunda solidariedade com o Governo e o primeiro-ministro, e o seu projecto político de esquerda", salienta João Soares no comunicado enviado à agência Lusa e a que a Renascença também teve acesso.
No mesmo comunicado, João Soares sublinha "o privilégio que representou" para ter integrado este Governo.
"E ter trabalhado com o primeiro-ministro, a quem agradeço a confiança. Demito-me também por razões que têm a ver com o meu respeito pelos valores da liberdade. Não aceito prescindir do direito à expressão da opinião e palavra", acrescenta.
Contactado pela Renascença, João Soares não quis fazer mais comentários sobre a situação.
Polémica
A demissão de João Soares surge depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter pedido na quinta-feira desculpa aos colunistas do jornal Público ameaçados com "estaladas" pelo ministro da Cultura, João Soares, e pediu aos membros do Governo que sejam "contidos na forma como expressam emoções".
"Tanto quanto sei o doutor João Soares já pediu desculpa aos visados pela forma como se expressou. Eu pessoalmente, quero também expressar publicamente desculpas a duas pessoas, a Augusto M. Seabra, por quem tenho particular estima, e a Vasco Pulido Valente, por quem tenho consideração", afirmou António Costa.
João Soares demite-se depois de ter publicado no Facebook uma mensagem onde ameaçava dar umas "salutares bofetadas" ao crítico cultural Augusto M. Seabra e a Vasco Pulido Valente, personalidades que criticaram a actuação do até agora ministro da Cultura.
“Em 1999 prometi-lhe [a Augusto M. Seabra] publicamente um par de bofetadas. Foi uma promessa que ainda não pude cumprir. Não me cruzei com a personagem, Augusto M. Seabra, ao longo de todos estes anos. Mas continuo a esperar ter essa sorte. Lá chegará o dia. Ele tinha, então, bolsado [bolçado] sobre mim umas aleivosias e calunias. Agora volta a bolsar [bolçar], no ‘Público’”, escreveu o ministro, no seu perfil pessoal no Facebook.