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Arrendamento. Parlamento dá maior protecção a lojas históricas

08 abr, 2016 - 17:21

Projecto socialista aprovado com o voto contra da direita, que acusa o PS de querer acabar com a lei das rendas da autoria do anterior Governo.

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O projecto de lei socialista que visa um regime de classificação e protecção de lojas históricas e entidades com interesse histórico e cultural, para efeitos de arrendamento, foi aprovado esta sexta-feira, no Parlamento, com a oposição do PSD e do CDS-PP.

O projecto de lei, que baixa agora à 11.ª comissão - a de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação -, foi aprovado com os votos a favor do PS, BE, PCP, OS Verdes e Pessoas-Animais-Natureza (PAN) e os votos contra do CDS-PP e do PSD.

O CDS-PP e o PSD acusaram o PS de querer acabar com a lei das rendas da autoria do XIX Governo, liderado por Passos Coelho.

Segundo o centrista Álvaro Castelo Branco, este projecto de lei é uma "tentativa de reverter a reforma do arrendamento" de Assunção Cristas, à data ministra da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território.

O grupo parlamentar do PS apresentou à Assembleia da República, na sexta-feira, um projecto de lei que visa, essencialmente, a criação de um "regime de classificação e protecção de lojas e entidades com interesse histórico e cultural", de forma a garantir a estes estabelecimentos "uma protecção contra o aumento expressivo das rendas", devido à aplicação do Novo Regime do Arrendamento Urbano, e "uma protecção em caso de obras de requalificação profunda ou de demolição", impedindo o despejo.

A deputada do Bloco de Esquerda Isabel Pires recordou que o seu partido sempre disse que "a lei das rendas era a lei dos despejos".

"É necessário alterações a esta lei, que ataca o direito à habitação e atira responsabilidades para os municípios. Ataca os pequenos comerciantes e as lojas históricas, quem sai beneficiado são os senhorios e as cidades perdem", afirmou.

Além da protecção das lojas classificadas, o projecto de lei do PS pretende proteger as pessoas com mais de 65 anos, aplicando igualmente o prolongamento do período transitório para 10 anos.

O socialista Miguel Coelho, também presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, que abrange parte da zona histórica de Lisboa, acusou o CDS-PP e o PSD de terem estado, enquanto formaram Governo, "a lançar para a rua milhares de pessoas que estão em fim de vida".

Miguel Coelho referiu que aqueles partidos de "prometerem uma coisa na campanha eleitoral e fazer outra quando estiveram no governo".

"Disseram que garantiam um período de transição de 15 anos e quando chegaram ao Governo estabeleceram 10 anos", disse.

Também o PEV defendeu, através da deputada Heloísa Apolónia, a necessidade de "rever a lei do arrendamento urbano".

A deputada salientou que "os representantes de pequenas e médias empresas, comércio e serviços dizem que não foram envolvidos na altura devida". .

E, assim, acrescentou, "corre-se risco de promover um regime que não vai ao encontro do interesse colectivo".

Comentários
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  • Jorge
    08 abr, 2016 Conchinchina 22:32
    É o governo uma vez mais a meter-se na vida do cidadão, e enquanto assim for este país sem gente com vontade própria, nunca fará um país decente .
  • Paulo
    08 abr, 2016 Lisboa 20:43
    Uma medida do governo de Costa muito bem enquadrada nas necessidades reais do país.
  • Zezao
    08 abr, 2016 Olhao 19:01
    Continuamos com a mesma dicotomia mediocre entre esquerda e direita. Nem todos os senhorios são extremamente ricos, alguns até estão bastante mal. Nalguns casos os inquilinos até estão bem melhor que o senhorio. Gostaria de ver um dia um governo ter a coragem de incluir nas consideracões e condições que envolvem estas protecções, o estado economico do senhorio no caso de não ser empresa. As cegueiras ideologicas infelizmente pendem para todos os lados...
  • João gil
    08 abr, 2016 Lisboa 18:43
    É a estatização total da sociedade civil. Já se sabia que o BE e o PCP a mandar no governo dava nisto. Quando quiserem entrar nas nossas casas e tirar-nos as nossas coisas, se calhar há alguma probabilidade de poderem ser recebidos a tiro.
  • Helder
    08 abr, 2016 Lisboa 18:42
    Foi a ex Ministra da Mandioca que é natural de Luanda ( Assunção Cristas ) que criou a lei dos despejos e se tiverem dúvidas é só virem à Baixa de Lisboa e verifiquem quem são os proprietários de 90% dos edifícios depois de correrem com comerciantes e residentes .A baixa de Lisboa virou para o turismo explorado por estrangeiros .Simplesmente vergonhoso
  • Jorge
    08 abr, 2016 Conchinchina 18:41
    É assim que se estimulam as pessoas a construir para alugar. Por essas e por outras que quem quiser casa que a faça ou que a compre, tenho uma fechada à 10 anos e não alugo nem por um decreto.
  • Hugo Castelo Branco
    08 abr, 2016 Lisboa 18:35
    Palavras para quê ? Este projecto de lei é pura demagogia. O aumento de renda para idosos deve ser suportado pela segurança social, tal como está consignado na lei 156/2015, e se as lojas abrem falência com rendas baixas "na baixa" e prosperam com rendas altas nos centros comerciais, há que perceber que os tempos mudam, os padrões de consumo também, e se ontem uma drogaria era uma loja importante, hoje em dia já não o é. O que é afinal uma "loja histórica" ?

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