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"Lava Jato". Detido em Lisboa homem que fugia há quase um ano das autoridades brasileiras

21 mar, 2016 - 10:20

O sócio de um antigo director da Petrobrás foi detido pela PJ, no cumprimento de uma carta rogatória emitida pelas autoridades brasileiras.

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O Ministério Público Federal brasileiro informou que o luso-brasileiro Raul Schmidt Felipe Junior, detido esta segunda-feira em Portugal no âmbito da Operação "Lava Jato", estava foragido desde Julho de 2015.

Segundo um comunicado da mesma fonte, citada pela imprensa brasileira, a ordem de prisão foi expedida em Julho e o nome dele foi incluído no alerta de difusão da Interpol em Outubro. "Raul Schmidt é brasileiro e também possui nacionalidade portuguesa. O investigado vivia em Londres, onde mantinha uma galeria de arte, e mudou-se para Portugal após o início da operação Lava Jato, em virtude da dupla nacionalidade", informou o Ministério Público Federal.

A Polícia Judiciária deteve esta segunda-feira o cidadão luso-brasileiro Raul Schmidt Fellipe Junior, sócio de um antigo director da Petrobrás, no âmbito do processo “Lava Jato”. A detenção ocorreu durante a manhã, em Lisboa, no âmbito de uma carta rogatória emitida pelas autoridades brasileiras que investigam o caso, relacionado com crimes económicos.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) disse que as autoridades brasileiras querem extraditar o cidadão luso-brasileiro. Em comunicado, a PGR, sem indicar o nome do detido, explicou que a operação que levou à detenção de Raul Schmidt num apartamento de luxo no centro de Lisboa envolveu diversas diligências, designadamente buscas, e que "foram acompanhadas por uma equipa do Ministério Público brasileiro".

A PGR adianta que já recebeu das autoridades brasileiras três cartas rogatórias relacionadas com esta matéria, mantendo-se duas em execução.

As diligências da PJ, que contaram com a presença de um juiz português e de um procurador brasileiro, foram coordenadas pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal.

Raul Schmidt foi sócio do ex-director da Área Internacional da Petrobrás Jorge Zelada, condenado no mês passado a 12 anos e dois meses de prisão por corrupção e branqueamento de capitais no âmbito da Operação Lava Jato.

Na altura, o juiz Sérgio Moro considerou provado que Zelada cobrou um suborno de 31 milhões de dólares à empresa Vantage Drilling Corporation para contratar um barco sonda para a petrolífera.

Zelada foi igualmente condenado pelo branqueamento de 12,5 milhões de dólares através de três empresas constituídas no estrangeiro.

Operação começou em 2014
A “Operação Lava Jato”, investigada pela polícia federal brasileira, começou em Março de 2014, e é considerada já uma das maiores investigações a actos de corrupção e branqueamento de capitais no Brasil.

O caso começou em 2013, em Curitiba, no estado do Paraná, com uma investigação à utilização de uma rede de postos de combustíveis e de lavagem de carros (lava a jato) para branqueamento de capitais de organizações criminosas.

O caso local foi ganhando contornos nacionais e é hoje o maior esquema de corrupção em investigação da história do Brasil, que envolve a petrolífera Petrobras, grandes empresas de construção civil e políticos.

Mais de 50 pessoas foram condenadas até ao momento, entre os quais Marcelo Odebrecht, o antigo líder da maior empresa de construção civil da América Latina, que vai passar os próximos 19 anos na cadeia pelo envolvimento no escândalo de corrupção.

A "Operação Lava Jato" envolve também o ex-Presidente Lula da Silva. A 4 de Março, a polícia bateu à porta do homem que presidiu aos destinos do Brasil entre 2003 e 2011. Lula da Silva foi detido e interrogado nas instalações da Polícia Federal do Brasil no Aeroporto de Congonhas.

Simultaneamente, a casa do antigo Presidente, em São Bernardo do Campo, no estado de São Paulo, e a casa de um dos seus filhos, Fábio Luiz, conhecido como “Lulinha”, foram alvo de buscas.

Esta nova fase da operação, denominada “Aletheia”, incluiu ainda buscas nas instalações do Instituto Lula e na empresa de construção civil Odebrecht.

Comentários
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  • Salazar
    21 mar, 2016 Portugal 17:13
    Agora é que eu gostava de ver a justiça Portuguesa renunciar o pedido de extradição, visto que o Brasil também não extraditou o assassino de nome Frederico que na altura do crime era padre na madeira isso sim era o que muitos de nós Portugueses gostaríamos que acontecesse, mas pelos que estou a ver nada disto vai acontecer porque basta o Brasil ou outro país qualquer falar mais alto a justiça nacional treme toda. só são fortes com aqueles que se dizem inocentes e que os tribunais querem por força de vontade que se declarem culpados, Mas estamos cá para ver.
  • Zé Povinho
    21 mar, 2016 Lisboa 13:12
    Caro comentador Manuel: corrupção gera corrupção! Portugal precisa de dinheiro limpo. Prendam-se todos os corruptos. Você só se lembra de Socrates? É pena, pois eles estão entranhados em todas a cores políticas, mais predominantemente, em 3 partidos! Muito gostaria eu ver a justiça Portuguesa a perseguir ferozmente, os corruptos em Portugal, pois se não houvesse tanta corrupção, Portugal seria um dos países mais ricos da Europa!
  • Beto Thomas
    21 mar, 2016 Brasil 13:01
    Nosso pais esta uma vergonha nacional e internacional. Certos acontecimentos que aqui tem, nos entristece muito como cidadaos. Como queremos um pais mais justo, seguro, mais saude para populacao e infra-estrutura. Alem de tantos problemas, a corrupcao que deteriora nossos valores e nossa esperanca de dias melhores. Pena!
  • Pinto
    21 mar, 2016 Custoias 12:47
    Isto é global, as democracias permitiram que a justiça, política e capitalismo andassem de mãos dadas. Não entendo as populações que parecem que têm o cérebro lavado.
  • ALBERTO MENDES
    21 mar, 2016 FLORIANÓPOLIS 12:40
    Estão a falar em golpe! É clássico nesses casos os populistas no poder quando são pegos pela justiça acusarem golpe! E insinuarem que a justiça é partidária!! Que se move por razões espúrias contra um governo popular que está ajudando os pobres... toda uma “lavagem cerebral”. As manifestações a favor do governo, nesse momento, está restrita a uma camada popular que é arregimentada por braços do Partido Trabalhista nos sindicatos e em repartições públicas e órgãos sociais alinhadas e dependentes do poder executivo. Houve caravanas de muitos estados trazendo “militantes” para a avenida paulista para fazer a multidão. Mas muitos estavam ali mais por conta de uma ajuda financeira, uma refeição e um “passeio na capital paulista” de graça!! Sem nem imaginar a real reivindicação! Sindicatos e partidos davam bandeiras e faixas aos “manifestantes” que, segundo o próprio Lula, em intercepção telefônica, são “peões” (o que no Brasil significa pessoa contratada para agir em nome de outrem). Mas esquece-se que o judiciário é um órgão de estado, exerce sua função dentro das regras constitucionais que regem os três poderes e que sua função é, também, evitar o uso do poder executivo em detrimento de um partido ou de uma facção criminosa. E que este judiciário está há mais de 12 anos sob influência deste mesmo governo que agora aponta uma “justiça partidarizada”!! Isso é desespero de quem não consegue explicar as falcatruas de quem esteve nos últimos mandatos presidenciais!!
  • jose Barrigana
    21 mar, 2016 Brasilia;DF 12:26
    A Universidade de Coimbra devia de retirar o titulo que deu ao Lula , que pelo ato foi vergonhoso uma Universidade com os pergaminhos que tem dar honrarias a um analfabeto de conversa mole e ainda deu palestras em Portugal realmente somos muito otarios
  • José
    21 mar, 2016 Sintra 12:24
    As autoridades brasileiras já detiveram e extraditaram o padrasto do adolescente de 15 anos que barbaramente e cobardemente torturou e assassinou o jovem, tendo depois fugido para o Brasil, seu país natal??????? Os crimes de sangue são protegidos no Brasil pelas autoridades judiciais? Os crimes económicos são mais importantes?
  • Manuel
    21 mar, 2016 Lisboa 11:06
    ZÉ POVINHO, este ainda gasta dinheiro que não é nosso no nosso país. O Sócrates corrupto é ao contrário, gasta dinheiro nosso e muito dele fora do nosso país. Tomara você que viessem muitos corruptos estrangeiros.
  • Manuel Mendes
    21 mar, 2016 Benfica 11:06
    Deviam era aproveitar e abrir a Lava Jato em Portugal. Talvez um ex-inquilino de um certo "hotel" público de Évora fosse chamado a pedra.
  • Zé Povinho
    21 mar, 2016 Lisboa 10:48
    Provavelmente, este individuo, passeava-se em Portugal, ao abrigo dos Vistos Gold, a ideia brilhante do paulo porcas, que serve para milionários corruptos estrangeiros, se abrigarem por cá!

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