11 mar, 2016 - 15:20
Veja também:
Os suinicultores, que esta sexta-feira protestaram em Lisboa, começaram a desmobilizar da manifestação às 21h40, com a promessa de que a luta pelo sector vai continuar.
Perante os suinicultores, concentrados na Avenida Santos e Castro, na Alta de Lisboa, Vitor Menino, presidente da Federação Portuguesa das Associações de Suinicultores, sublinhou que "o sector da suinicultura demonstrou hoje união, coesão e determinação para atingir o objectivo que é servir o país, os trabalhadores e todos aqueles que dependem deste sector".
De acordo com este responsável, dependem deste sector cerca de 200 mil portugueses, que apenas querem "trabalhar, produzir e contribuir para a sustentabilidade de Portugal".
Este responsável lamentou a posição do Ministério da Agricultura, que não quis receber os representantes do sector da suinicultura, demonstrando que as muitas centenas de milhões de euros que este sector produz "não são importantes para o governo, nem para o país".
Os suinicultores prometeram desmobilizar o protesto depois de não terem sido recebidos pelo ministro da Agricultura, mas chegaram a tentar cortar a Segunda Circular e a polícia teve de intervir. Houve algumas bastonadas e o corpo de intervenção foi reforçado no local. Uma ambulância foi ao local assistir um dos suinicultores que foi atingido por gás pimenta atirado pelas autoridades que tentavam acalmar a situação.
Cerca de 80 camiões de suinicultores portugueses estiveram estacionados na Avenida Santos e Castro, paralela ao aeroporto da Portela, em Lisboa.
Um outro grupo, cerca de meia centena, esteve no Terreiro do Paço, na capital, para tentar falar com o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, mas o encontro não chegou a realizar-se. Os manifestantes depositaram as bandeiras negras que traziam em frente à porta do Ministério e seguiram para a Alta de Lisboa, para onde a polícia encaminhou os suinicultores que vinham nos camiões, medida justificada com questões de segurança.
Os manifestantes chegaram a prometer bloquear a cidade de Lisboa, recorrendo a três centenas de camiões. Pelas 16h00, dezenas de veículos de transporte de porcos encontravam-se a caminho de Lisboa a partir de várias direcções num protesto.
Fontes da polícia contactadas pela Renascença confirmam que havia pelo menos uma centena de camiões a dirigirem-se para Lisboa, sobretudo pela A1, e em grupos de 10 a 20 veículos. Também havia indicação de camiões a chegar do sul, através da ponte 25 de Abril.
A PSP tinha ordens para não deixar os camiões chegar ao centro da cidade, mas sim escoltá-los para um local onde possam estacionar sem perturbar o trânsito.
“Estamos a fazer todos os esforços para impedir que eles [suinicultores] saiam daqueles eixos fundamentais, como a Segunda Circular e o Eixo Norte-Sul, e que entrem nas avenidas [centro] de Lisboa”, explicou o comissário Rui Costa, em declarações à Lusa.
Segundo o oficial, esta decisão prende-se unicamente com questões de segurança: “se eles [suinicultores] o fizerem corremos o risco de ficarem impedidas avenidas fundamentais da cidade de Lisboa e que os cidadãos da cidade não tenham capacidade de mobilidade, e a segurança deles fica comprometida, nomeadamente em relação à saída de veículos de emergência e socorro”.
As causas do protesto
As reivindicações dos suinicultores já têm vários meses. Em Janeiro vários camiões e profissionais bloquearam a entrada do armazém de distribuição de uma cadeia de hipermercados, num protesto que teve alguns momentos de tensão.
Os suinicultores queixam-se dos preços a que a carne de porco é vendida nos hipermercados, dizendo que estão a ter de suportar as promoções. Na altura também levantaram objecções quanto a problemas de rotulagem, dizendo que há carne que vem do estrangeiro que é vendida como se fosse de origem nacional.
Em Portugal, estão registados cerca de quatro mil suinicultores industriais, num total de quase 14 mil explorações.
[Notícia actualizada às 22h04]