Retratos de uma tomada de posse. "Eu até trato o Marcelo por irmão"

Retratos de uma tomada de posse. "Eu até trato o Marcelo por irmão"

Tempo
|
Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

09 mar, 2016 - 20:16 • Joana Bourgard

Uma moçambicana que servia caril a Marcelo, uma reformada fã do comentador televisivo, um estudante que cumpre um dever cívico, um antigo funcionário público a comemorar o aniversário de casamento. Quem é este povo que quis ver Marcelo no dia em que se tornou Presidente? E o que esperam dos próximos cinco anos anos de presidência? As respostas em forma de retratos.

A+ / A-

"Estou à espera desde as oito da manhã. Só entro ao meio-dia e aproveitei para vir ver. É a primeira vez que venho assistir a uma cerimónia destas. Para a nossa idade, para a idade que eu tenho, a vida está muito difícil. Ter de deixar os meus pais em Figueiró dos Vinhos e vir para aqui para arranjar emprego... Espero que a vinda de Marcelo traga mudança, que é o que os portugueses precisam agora." André Pires, 21 anos, ajudante de cozinha


Cerca de 50 pessoas tentaram entrar na Assembleia da República para ver o juramento de Marcelo Rebelo de Sousa, mas as galerias estavam abertas apenas para quem tinha convite. O Parlamento estava cheio, mais de 500 convidados assistiram à cerimónia. Depois da troca de lugares entre Cavaco e Marcelo, discursou Ferro Rodrigues. Por último discursou Marcelo. "Temos de cicatrizar feridas de anos tão longos de sacrifícios", disse.


"Por acaso hoje faço 47 anos de casado e já há dez anos também fui assistir à cerimónia do Cavaco Silva. Hoje também não queria deixar passar este dia porque acho que o professor Marcelo vai ser um grande presidente que nós vamos ter. Acho que ele pode trazer tudo de novo porque tem ideias que o Cavaco não tinha, como por exemplo celebrar o 10 de Junho em Paris. Foi a melhor escolha que os portugueses fizeram." José Rodrigues, 75 anos, funcionário público reformado


"Eu sou mesmo fã do Marcelo Rebelo de Sousa. Via-o sempre sempre na televisão e foi por isso que vim assistir à tomada de posse. Não tenho queixas do Cavaco Silva mas ele era mais rígido na maneira de falar com as pessoas. O Marcelo é uma pessoa mais simples, fala a toda a gente, dá beijos a toda a gente e o povo gosta disso, não é? Identifico-me muito com ele, mas costumo sempre vir assistir a este dia, qualquer que seja o Presidente." Gracinda Moacho, 77, costureira de alfaiate reformada


A primeira visita de Marcelo como chefe de Estado foi ao Mosteiro dos Jerónimos. Chegou poucos minutos antes da hora prevista, às 12h24. Depois de depositar coroas de flores nos túmulos de Luis Vaz de Camões e de Vasco da Gama, o novo Presidente da República assinou o livro de honra.


"Nunca tinha vindo a uma tomada de posse mas como gosto do Marcelo vim vê-lo. Espero que ele faça alguma melhor do que aquilo que tem sido feito. As coisas realmente estavam muito más. Eu gosto dele, sempre o acompanhei da televisão e segundo dizem é o presidente do povo e espero que sim, que ele seja mesmo o presidente do povo. Espero que ele seja um presidente isento e sem partidos que é isso que nós precisamos." Estela Graça, 74 anos, funcionária pública reformada


"O professor sempre foi uma pessoa que admiro e tenho confiança que ele ajude a dar a volta à nossa situação. O que o antecessor não conseguiu e até dificultou. Tenho esperança que o diálogo seja mais fácil com o Marcelo. É a primeira vez que viemos ver uma tomada de posse, queríamos ver o Marcelo mais de perto." Maria Ventura, 64 anos; António Trindade, 66 anos


"Como madeirense é uma oportunidade única. Soubemos que o Marcelo vinha aos Jerónimos fazer uma homenagem ao Vasco Gama e ao Luís de Camões, aproveitámos e viemos ver. Nós, os madeirenses, e os açorianos também, fazemos parte de Portugal e também gostamos de estar em conta. O Marcelo pode trazer um pouco mais de esperança e de alegria, mas as dificuldades serão sempre as mesmas. O presidente da república pode gerir o conflito social e ter a capacidade moderadora e do equilíbrio." Miguel Rodrigues, 59, inspector superior do trabalho


"Acho que é um dever do cidadão português assistir à tomada de posse do Presidente da República. Sabia que ele vinha cá e aproveitei a hora de almoço para vir aqui ver o novo Presidente. Eu penso que o Marcelo vem dar uma dinâmica completamente diferente à vida política portuguesa. Uma das ideias de campanha que me ficou na cabeça - e foi por isso que eu votei no Marcelo - foi a ideia de ele querer criar pontes entre os portugueses e cicatrizar as fracturas existentes na sociedade portuguesa, que a meu ver foram criadas ao longo do mandato de Cavaco Silva. Tenho grandes expectativas." Pedro Pimenta, 21 anos, estudante de história


Marcelo Rebelo de Sousa chegou às 12h59 ao Palácio de Belém. Recebeu as honras e voltou a ouvir o hino. À entrada da residência oficial do Presidente da República, acenou às pessoas que batiam palmas e gritavam, na expectativa de serem cumprimentadas pelo novo Presidente.


"Sou amiga pessoal do Marcelo. É meu cliente no restaurante. Todos os sábado o Marcelo vai ao meu restaurante mas agora deixei de o ter como cliente. Todos os anos na véspera de Natal ele é o meu último cliente, é ele que compra tudo no dia 24. Ele diz: "olha querida, o que é que te resta? Embrulha tudo e manda para o carro." É para o pessoal dele. Já aqui estive no Palácio de Belém a convite do Sampaio a cozinhar o meu caril para 300 pessoas. Espero que o Marcelo seja um presidente de união. No meu restaurante ele fez coisas fantásticas, dava comida a todos os que precisavam. Eu até o trato por irmão. Desejo-lhe tudo o que o mundo tem de bom e que consiga unir Moçambique a Portugal. É um homem fantástico, é o homem que Portugal precisa neste momento porque há tanta discórdia e desunião. Mas ele vai conseguir porque ele não se vai ficar por Belém. " Ana Baronet, 68 anos, proprietária do restaurante Ana Preta

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • lili
    10 mar, 2016 faro 18:52
    Grande Marcelo, entre gafanhotos e pintos ele verá a razão
  • Pinto
    10 mar, 2016 Custoias 14:04
    Já começaram a aparecer os gafanhotos, vamos ver se Marcelo consegue enxuta-los.
  • anónimo
    10 mar, 2016 Porto 03:54
    Acho que Marcelo vai ser um bom presidente. Achei foi um pouco estranho fazer a estreia numa mesquita sendo ele catolico e a maioria dos Portugueses. Não me caiu lá muito bem.... porquê uma mesquita?...

Destaques V+