01 fev, 2016 - 18:29
O vírus zika foi declarado uma emergência global, anuncia a Organização Mundial de Saúde (OMS).
A directora-geral da OMS, Margaret Chan, disse aos
jornalistas, em Genebra, que é preciso uma resposta coordenada a esta ameaça mas, para já,
não haverá restrições a viagens e a trocas comerciais com países onde o vírus está presente.
“Depois de rever as provas, o comité considerou que os
focos de microcefalia e outras complicações neurológicas constituem um facto
extraordinário e uma ameaça à saúde pública para outras partes do mundo. No
entender do comité é preciso uma resposta internacional coordenada para
minimizar a ameaça nos países já afectados e reduzir o risco de alastramento a
nível internacional.”
A designação de emergência global foi recomenda, esta segunda-feira, por um
comité de peritos independentes àquela organização das Nações Unidas.
O alerta é extremo. Embora estejam ainda por provar a ligação entre o vírus e o aumento de casos de microcefalias em recém-nascidos, Margaret Chan diz que há casos já conhecidos há dois anos.
“Os membros do comité concordaram que o caso configura uma situação de emergência internacional de saúde pública. Eu aceitei este conselho e estou agora a declarar que os focos recentes de microcefalia e outras anomalias neurológicas relatados na América Latina, são semelhantes aos já reportados em 2014 na Polinésia Francesa constituem uma emergência de saúde pública a nível internacional”, afirma a directora-geral da OMS.
A decisão de considerar que o vírus zika é uma ameaça à
saúde pública mundial deverá ajudar a acelerar a respostas à doença e
incentivar a investigação.
Na semana passada, a OMS já tinha alertado que o zika se está a propagar de forma "explosiva" e que pode infectar quatro milhões de pessoas no continente americano.
O Brasil é o país mais afectado. A Presidente Dilma
Rousseff já declarou guerra ao mosquito responsável pela transmissão do vírus.
Há suspeitas de que o zika, quando contraído por mulheres grávidas, pode causar microcefalia em bebés, malformação que no cérebro que pode causar deficiências mentais e até a morte dos recém-nascidos.
As preocupações com o zika aumentaram no ano passado, depois de o Ministério da Saúde do Brasil começar a investigar se o aumento dos casos de microcefalia no país foi provocado pelo transmissão do vírus durante a gestação.
Um boletim divulgado na semana passada pelo Ministério da Saúde do Brasil confirmou que 270 crianças nasceram com microcefalia por infecção congénita, mas isso não significa necessariamente que o problema foi causado pelo vírus. Decorrem ainda investigações a mais 3.448 casos suspeitos.
Em Portugal há seis casos confirmados de infecção pelo vírus zika, mas os pacientes contraíram a doença no estrangeiro.
É a quarta vez que a OMS declara a emergência global. A última foi há dois anos por causa da epidemia de ébola.
[notícia actualizada às 20h17]