Polícia Judiciária desmantela rede que extraía cocaína de cachaça

A Polícia Judiciária desmantelou um laboratório de extracção cocaína dissimulado em bebidas alcoólicas provenientes do Brasil. Foram detidos quatro homens, dois de nacionalidade portuguesa e dois estrangeiros.

O laboratório estava instalado numa moradia de uma zona balnear perto de Lisboa e a cocaína estava dissolvida em garrafas de cachaça importadas do Brasil. Os quatro detidos têm idades entre 32 e 48 anos e já foram presentes a um primeiro interrogatório judicial, tendo-lhes sido aplicada a medida de coacção de prisão preventiva.

Foram apreendidos cerca de 7,5 quilos de cocaína pronta a comercializar, bem como instrumentos de corte, percursores, todo o equipamento necessário ao processo químico de extracção do cloridrato de cocaína e a sua preparação para venda no mercado, além de uma viatura topo de gama, indica o comunicado divulgado pela Polícia Judiciária esta quarta-feira.

Não fora a intervenção da PJ, acrescenta a nota, poderiam sido extraídos entre 40 e 50 quilos de cloridrato de cocaína de elevado grau de pureza, pronto a comercializar.

Segundo a Polícia Judiciária, o processo de extracção de cloridrato de cocaína é de grande complexidade, pois exige, além de meios técnicos próprios, conhecimentos especiais de química. Foram também apreendidos, pela primeira vez, documentos com informação detalhada sobre o modo de efectuar a extracção.

A operação esteve a cargo da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes e decorreu de investigações levadas a cabo com as autoridades brasileiras.

Este foi o primeiro laboratório do género descoberto e desmantelado em Portugal. Na Europa, há apenas registo da descoberta de um laboratório de características idênticas em 2012.

A vertente brasileira da organização criminosa foi também desmantelada, esta semana, pela Polícia Federal brasileira. A “Operação Cardume” deu origem a 28 mandados de prisão, depois de 47 buscas que resultaram ainda na apreensão de numerosos bens móveis e imóveis, bem como de contas bancárias, algumas tituladas por cidadãos de nacionalidade portuguesa.