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A família salva-nos da fragmentação e da massificação, diz o Papa

22 set, 2015 - 15:35 • Aura Miguel Aura Miguel em Cuba, com Filipe d’Avillez e Inês Rocha

Num dos seus últimos actos públicos antes de deixar Cuba rumo aos Estados Unidos, Francisco deixou claro que as famílias podem ter dificuldades, mas nunca são um problema.

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A família salva-nos da fragmentação e da massificação, diz o Papa

O Papa Francisco terminou a sua estadia em Cuba com um encontro com as famílias cubanas no qual teceu grandes elogios à instituição da família, dizendo que ela é essencial para o bem-estar social e individual.

Lamentando que “em muitas culturas, hoje em dia, vão desaparecendo estes espaços, vão desaparecendo estes momentos familiares; pouco a pouco, tudo leva a separar-se, a isolar-se; escasseiam os momentos em comum, para estar juntos, para estar em família”, Francisco recordou que ela “salva-nos de dois fenómenos actuais: a fragmentação (a divisão) e a massificação.”

“Em ambos os casos, as pessoas transformam-se em indivíduos isolados, fáceis de manipular e controlar. Sociedades divididas, quebradas, separadas ou altamente massificadas são consequência da ruptura dos laços familiares, quando se perdem as relações que nos constituem como pessoa, que nos ensinam a ser pessoa”, diz Francisco.

O Papa recordou que o principal objectivo desta sua visita às Américas é a participação no Encontro Mundial de Famílias, que decorre em Filadélfia, nos Estados Unidos, e sublinhou que a importância da família não é beliscada pela imperfeição das pessoas que a compõem.

“É certo que não existe a família perfeita, não existem esposos perfeitos, pais perfeitos nem filhos perfeitos, mas isso não impede que sejam a resposta para o amanhã. Deus incentiva-nos ao amor e o amor sempre se compromete com as pessoas que ama. Portanto, cuidemos das nossas famílias, verdadeiras escolas do amanhã. Cuidemos das nossas famílias, verdadeiros espaços de liberdade. Cuidemos das nossas famílias, verdadeiros centros de humanidade.”

Famílias não são um problema

Durante o seu discurso, em que o Papa agradeceu o acolhimento que lhe foi dado pelo povo cubano, Francisco pediu que as famílias nunca sejam vistas como um problema.

“A família é escola da humanidade, que ensina a pôr o coração aberto às necessidades dos outros, a estar atento à vida dos demais. Apesar de tantas dificuldades que afligem hoje as nossas famílias, não nos esqueçamos, por favor, disto: as famílias não são um problema, são sobretudo uma oportunidade; uma oportunidade que temos de cuidar, proteger, acompanhar.”

O Papa recordou que para muitas famílias, actualmente, a única altura durante o dia em que conseguem estar juntas é ao fim do dia, normalmente à volta do jantar. “São momentos em que uma pessoa chega também cansada, e pode acontecer uma ou outra discussão, um ou outro ‘litígio’. Jesus escolhe estes momentos para nos mostrar o amor de Deus, Jesus escolhe estes espaços para entrar nas nossas casas e ajudar-nos a descobrir o Espírito vivo e actuante nas nossas realidades quotidianas.

“É em casa onde aprendemos a fraternidade, a solidariedade, o não ser prepotentes. É em casa onde aprendemos a receber e agradecer a vida como uma bênção, e aprendemos que cada um precisa dos outros para seguir em frente. É em casa onde experimentamos o perdão, e somos continuamente convidados a perdoar, a deixarmo-nos transformar. Em casa, não há lugar para ‘máscaras’: somos aquilo que somos e, duma forma ou doutra, somos convidados a procurar o melhor para os outros”, disse Francisco.

Bênção para grávidas, crianças e avós

A dada altura, durante o seu discurso, o Papa desviou-se do texto oficial e convidou todas as grávidas, tanto as presentes como as que escutavam por rádio ou assistiam pela televisão, a tocarem nas suas barrigas.

Depois, Francisco proferiu uma bênção para os bebés, sublinhando muito claramente o seu enorme valor e desejando que nascem bem, com saúde e que as suas mães os consigam criar bem.

Já no final, o Papa voltou a surpreender, dirigindo-se à varanda da catedral de Santiago e falando à multidão que se encontrava no exterior. Francisco procedeu então a abençoar de forma especial os avós, "memória viva" do povo e também as "crianças e jovens, que são a força de um povo, um povo que cuida dos avós". Um povo que assim vive, garante o Papa, "tem o futuro assegurado".

Terminado este encontro o Papa segue directo para o aeroporto, de onde parte rumo aos Estados Unidos.


[Notícia actualizada às 16h19]

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