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D. Manuel Clemente defende aprofundamento dos processos de nulidade do casamento

08 ago, 2015 - 15:15 • Eunice Lourenço

Cardeal Patriarca desdramatiza divisões entre os bispos e diz que não há posições extremadas. Todos querem o mesmo: conciliar a doutrina com as situações concretas.

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O Cardeal Patriarca de Lisboa defende o aprofundamento dos processos de nulidade de casamento como caminho para o regresso dos divorciados aos sacramentos. D. Manuel Clemente reafirmou, este sábado, a sua posição, desdramatizando divisões na conferência Episcopal Portuguesa sobre este assunto, que vai estar em cima da mesa no sínodo dos bispos.

“No que diz respeito ao episcopado português o que acontece é muito bom: vamo-nos encontrando e conversando. O que temos é de encontrar a melhor maneira de fazer coincidir as situações concretas e de facto com aquelo que é a proposta de Jesus Cristo sobre o matrimónio, senão deixávamos de ser a Igreja de Jesus Cristo”, afirmou D. Manuel Clemente, reagindo, assim, à notícia do semanário Sol da semana passada, que dava conta de divisões entre os bispos portugueses sobre este assunto.

“Há quem proponha uma situação mais parecida com a dos gregos, os nossos irmãos do Oriente, que é aceitar que os divorciados recasados voltem aos sacramentos depois de um processo penitencial; há quem proponha – e neste momento estou mais virado para essa solução – que devemos aprofundar o que tem sido a nossa tradição latina, que é de verificar, mesmo com elementos que só surgem a posteriori, a validade o não do sacramento que se realizou”, afirmou o Patriarca, clarificando a sua posição no debate em curso em toda a Igreja Católica, que aliás já tinha defendido em Fevereiro, em entrevista à Renascença.

“Este é um debate que está em curso e vamos conversando francamente na conferência episcopal portuguesa, como já foi no sínodo do ano passado e como vai ser no sínodo deste ano. Estamos todos à procura da melhor maneira de, respeitando cada um e não negando a cada baptizado o lugar que tem na Igreja, encontrar a melhor solução para resolver este problema que é fazer coincidir a proposta de Jesus Cristo que é tão clara acerca a indissolubilidade o matrimónio cristão com situações de facto que acontecem e como é que isso se pode relacionar ou não com os outros sacramentos”, afirmou D. Manuel Clemente, em declarações à Renascença e à agência Ecclesia este sábado em Lisboa.

“É um debate em aberto e vamos conversando com franqueza. Não há nenhum extremar de posições, todos queremos o mesmo, que é o que o Papa Francisco também quer: conciliar a doutrina de Jesus Cristo com as situações que vão surgindo e a que é preciso responder”, acrescentou o Cardeal Patriarca antes de partir numa peregrinação com dezenas de jovens à comunidade ecuménica de Taizé, em França.

O Patriarca de Lisboa e também presidente da conferência episcopal explicou o processo em curso tendo em vista o sínodo: “A Santa Sé, no que diz respeito à próxima assembleia do Sínodo dos bispos, perguntou também às conferências episcopais e nós pronunciamo-nos. No nosso pronunciamento vão estas questões abordadas com esta franqueza com que aqui as expus. A próxima assembleia sinodal vai ter três semanas, vai ter muito tempo para debater estas e outras opiniões que surjam. Depois tudo isto é posto nas mãos do Papa Francisco. Ele que decida e o que decidir, cá estamos nós para aceitar e continuar”, rematou D. Manuel Clemente.

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