“Salazar. O Fim e a Morte” é reeditado esta segunda-feira para assinalar os 45 anos da morte do ditador, com uma segunda edição ampliada e com documentos inéditos.
O livro é de autoria do médico Eduardo Coelho, que fez o diagnóstico ao ditador, depois da queda da cadeira ocorrida em Agosto de 1968, no Estoril, e surge com novos dados disponibilizados pelo seu filho, António Macieira Coelho.
Esta segunda edição contém alguns pormenores até agora desconhecidos sobre o que se passou na sala de operações, sobre quem operou Salazar e sobre os diferentes diagnósticos dos médicos que observaram o antigo Presidente do Conselho.
Na sequência da queda ocorrida quando gozava férias, no Forte de Santo António do Estoril, a 3 de Agosto de 1968, Salazar fez um grande hematoma na cabeça. O diagnóstico, de acordo com o relato do livro “Salazar. O Fim e a Morte”, foi feito por Eduardo Coelho, que pediu ao neurocirurgião Vasconcelos Marques que o operasse.
Face à recusa do cirurgião em operar Salazar, a intervenção acabaria por ser feita por Álvaro Ataíde, que, de acordo com António Macieira Coelho, tinha ligações à Maçonaria. “Na intervenção do neurocirurgião que o operou, Álvaro Ataíde - que era maçon e que tomou a decisão de operar segundo o diagnóstico do meu pai - e Bissaia Barreto fizeram o cumprimento maçónico no final”, conta.
A segunda edição do livro relata também o processo judicial encetado pela família Coelho contra o neurocirurgião Vasconcelos Marques. O processo decorreu do facto de a família entender que Vasconcelos Marques, após a morte de Eduardo Coelho, ter pretendido "tirar os louros todos a favor dele, quando ele não quis operar porque tinha medo que o Salazar morresse nas mãos dele".
“Depois da primeira edição do livro, eu levei o caso ao Supremo Tribunal de Justiça, que condenou o neurocirurgião pelas ofensas dirigidas ao meu pai", acrescenta.
O livro indica ainda que Salazar nunca foi informado de que já não governava, quando no seu lugar já se encontrava Marcelo Caetano.