Entrevistado para um documentário da BBC, Mukesh Singh, um dos cinco homens condenados pela violação colectiva de uma estudante em 2012, não mostra sinais de arrependimento e faz declarações chocantes.
Ao longo de 16 horas de declarações, o motorista do autocarro manteve uma postura de perplexidade face à onda de indignação relacionado com o caso.
"Uma rapariga decente não vagueia pela rua às nove da noite. Uma rapariga é muito mais responsável pela violação do que um rapaz",
afirmou à BBC.
"Trabalhos domésticos e de limpeza são para raparigas, mas não estar em discotecas e bares à noite, fazendo coisas erradas, vestindo roupas erradas. Cerca de 20% das raparigas são boas raparigas", acrescentou o violador.
Singh diz que ele e os outros violadores tinham o "direito de lhes ensinar uma lição", sugerindo que a estudante deveria ter aguentado o castigo. "Ao ser violada, ela não deve oferecer resistência. Devia apenas ficar em silêncio e deixar acontecer. De seguida ela teria sido libertada e eles apenas teriam agredido o rapaz", justificou.
Mukesh Singh, condenado à morte por enforcamento, vai, juntamente com outros três arguidos, recorrer da pena capital.
O documentário de Leslee Udwin, "India's Daughter" (Filha da Índia), será transmitido na Storyville na BBC Four, dia 8 de Março.
As declarações já motivaram reacções de repulsa. O pai da vítima pede que a pena capital seja aplicada de imediato. O advogado de Mukesh Singh diz, por seu lado, que o seu cliente nunca deveria ter dado a entrevista.
A vítima, uma estudante de medicina de 23 anos, foi violada a bordo de um autocarro por seis homens a 16 de Dezembro de 2012, antes de ser espancada com barras de ferro, o que lhe provocou graves lesões intestinais. Depois, foi atirada para fora do autocarro juntamente com o amigo, também agredido, que a acompanhava. Hospitalizada nos cuidados intensivos, a jovem mulher acabou por morrer.
Segundo a polícia, os homens estavam alcoolizados na altura dos factos.