"O dom da vida"

A noite estava quente e o hospital em silêncio.
Tocou à campainha e a enfermeira apareceu, com um ar cansado. Tinham acabado de perder um bébé num parto complicado e o médico já tinha saído, também ele vencido pelo inesperado e pela certeza de que a vida não nos pertence.
Mas aquela jovem mãe não sabia de nada, era o seu primeiro filho. E lá se deitou, sozinha numa pequena enfermaria, acreditando nas palavras secas que tinha ouvido: “ o primeiro parto demora sempre bastante tempo”…
Não foi assim. Levantou-se impaciente, foi à janela respirar com dificuldade e arranjou forças para pedir ajuda. E a enfermeira apareceu, julgando tratar-se dos alarmes falsos das jovens mães. Mas não. Aquela bébé queria nascer depressa e tudo aconteceu em pouco tempo. A mãe e uma parteira desconhecida, sozinhas numa noite quente de Verão, olharam encantadas para uma menina rosada que chorava a plenos pulmões, no silêncio do velho hospital.
Jesus, nesta manhã de sábado eu Te agradeço o dom da vida dos nossos filhos.
E Te peço por todos aqueles que nascem na violência da guerra, no sofrimento das perseguições.
Ajuda-nos Jesus a sabermos agradecer o dom de cada vida. Desde o momento da concepção até ao momento em que Te encontraremos face a face.


Isabel Figueiredo