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24 janeiro

O odre

24 jan, 2014

Na antiguidade o recipiente tradicional usado para transportar vinhos e outras bebidas era o odre, um saco feito de pele de cabra ou de porco. A pele era curtida e virada do avesso, de modo a que o pelo ficasse no interior. O odre era depois impermeabilizado por dentro com resina vegetal, o que dava um gosto particular ao vinho.
Os odres antigos não sobreviveram até aos nossos dias, mas são mencionados em relatos históricos. Por exemplo a Bíblia refere que o vinho novo não deve ir para odres velhos, e por boa razão: a fermentação do vinho liberta gás e podia fazer rebentar os odres mais gastos. A Odisseia de Homero também refere estas garrafas da antiguidade. Neste caso é Ulisses que dá a beber odres com vinho delicioso ao pavoroso gigante Polifemo e assim consegue fugir da caverna onde estava aprisionado com os seus camaradas.
Os odres podem parecer ultrapassados, mas a verdade é que têm muitas vantagens: são leves e flexíveis, coisa que o vidro não é. Também são um recurso ecológico e renovável, ao contrário do plástico. Podem não parecer, mas também são higiénicos e atraentes e representam um saber fazer que herdámos do passado e não devemos perder.
No entanto, para transportar volumes maiores, sempre foi necessário recorrer a barris de madeira ou a ânforas de cerâmica. Nada é perfeito!

*Autoria da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa, no Porto.

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