Digo-tos, Senhor, esses setecentos migrantes que atravessavam o mar rumo a Itália. E que naufragaram. Bem sabes que eram homens e mulheres como eu. Eram teus filhos Eram meus irmãos. Vinham guiados pelo sonho de uma luz ou de uma estrela que rompesse a escuridão dos dias. Guiados pela esperança de uma mão solidária e de um pão repartido. Guiados pelo vislumbre de um lugar à mesma mesa. Eram vítimas de guerras. Vítimas de uma vida sufocada, perseguida e faminta. De uma vida ferida e expIorada. E o que procuravam, Senhor, era apenas uma vida melhor. Não procuravam uma vida fausta nem riqueza. Nem poder. Apenas uma vida melhor. O seu lugar, o seu quinhão no mundo que para todos criaste. Igual.