Montepio. Presidente só abdica se ficar provado algo em seu "desfavor"
20-03-2017 - 11:41

Tomás Correia emitiu comunicado após notícias segundo as quais ele e oito ex-gestores da Caixa Económica Montepio "são acusados pelo Banco de Portugal de irregularidades graves".

O presidente da Associação Mutualista Montepio Geral afirmou esta segunda-feira que abdicará das suas funções se se colocar a possibilidade de transitar em julgado algo a seu desfavor, mas sublinha estar "seguro" de que isso não acontecerá.

"Se alguma vez se colocar a possibilidade de transitar em julgado algo a meu desfavor, em qualquer tribunal, por quaisquer actos ilícitos, abdicarei do exercício das minhas funções. Estou profundamente convicto e seguro de que isso não vai acontecer", diz Tomás Correia, citado num comunicado.

As declarações do presidente da Associação Mutualista e do Grupo Montepio surgem na sequência de uma notícia avançada esta segunda-feira pelo "Jornal de Negócios", segundo o qual Tomás Correia e oito ex-gestores da Caixa Económica Montepio são acusados pelo Banco de Portugal de irregularidades graves.

"Estou tranquilo relativamente ao desfecho destas, e de outras acusações que me foram dirigidas", frisa Tomás Correia no comunicado, entretanto enviado à comunicação social.

No documento, Tomás Correia diz que "não é difícil contextualizar as notícias num momento em que se questiona a separação da Caixa Económica do património que pertence aos Associados da Associação Mutualista".

"É precisamente para nos batermos contra esse tipo de correntes, que em nada favorecem o bom nome do Montepio e dos trabalhadores e gestores que aqui trabalham, que levarei até ao fim o mandato que me foi confiado, ao serviço de todos os Associados do Montepio", afirma o gestor.

Matéria em sigilo

O texto refere que uma vez que a notícia do "Jornal de Negócios" trata de "matéria sujeita a sigilo", "não é possível publicamente contrapor as matérias de facto da acusação", sendo por isso "a atitude e o carácter as únicas formas de ajudar a esclarecer e a afirmar o direito ao contraditório".

Já na semana passada, a Associação Mutualista tinha ficado marcada pela polémica, depois do jornal "Público" ter divulgado que a instituição tinha, no fim de 2015, capitais próprios negativos de 107,53 milhões de euros.

Em conferência de imprensa, Tomás Correia lamentou a mesma notícia, garantindo que não há risco de falência da associação.

A associação também divulgou na terça-feira que obteve lucros de 7,4 milhões de euros em 2016, contra o prejuízo de 393,1 milhões de euros registados em 2015.

Também o ministro do Trabalho e Segurança Social, Vieira da Silva, que tutela a Associação Mutualista, já veio dizer que acredita que esta entidade "vai continuar" a desenvolver "com eficácia e competência" as suas responsabilidades e não vê razão para duvidar das afirmações da direção da associação.

A instituição é liderada por Tomás Correia, que durante anos acumulou a liderança da Caixa Económica, da qual saiu no Verão de 2015, quando o Banco de Portugal (BdP) forçou a separação da gestão.

Já o banco mutualista é desde então presidido por Félix Morgado e é conhecido que a relação entre os dois responsáveis não tem sido fácil.