​Salto das arábias
06-06-2018 - 06:40

Ao emigrar, Jorge Jesus corre alguns riscos, o mais importante dos quais é ver praticamente riscado o seu nome na lista dos treinadores europeus mais badalados.

Sem surpresa, Jorge Jesus abandonou o Sporting Clube de Portugal para onde entrara há três anos com o objectivo de fazer regressar o emblema do leão às vitórias que lhe escapavam há várias mãos cheias de anos.

Há muito que se previa este desenlace.

As relações do treinador com o presidente-adepto haviam-se deteriorado ao ponto de se tornar insustentável a sua continuidade no clube de Alvalade.

E o problema não era de agora, antes pelo contrário. Já há muito tempo, dois anos talvez, que eram conhecidos os choques entre ambos, com reflexos nos resultados da equipa que, para agravar ainda mais a situação, via o seu rival da segunda circular averbar vitórias sobre vitórias.

Jorge Jesus tornou-se nos últimos dois meses no herói leonino, após as descabeladas intervenções de Bruno de Carvalho que conduziram ao extremar das relações com os jogadores. E aí, foi o treinador que, marginalizando o presidente, assumiu a condução das operações, ainda que nem sempre tenha conseguido remediar os estragos.

Certamente que não era este o desfecho pretendido pelo treinador, mas o recurso de saltar para as Arábias confere-lhe o direito de amealhar os largos milhões que o Sporting já não estava em condições financeiras de lhe proporcionar.

Ao emigrar, Jorge Jesus corre alguns riscos, o mais importante dos quais é ver praticamente riscado o seu nome na lista dos treinadores europeus mais badalados.

E a aventura que vai ter pela frente com a aproximação a novas gentes e novas culturas e, sobretudo, a dificuldade de dominar línguas, não deixarão de constituir alguma preocupação nos primeiros tempos.

Porém, mais forte, deve ser o sentimento de se livrar de um pesadelo que o atormentava há largo tempo e do qual parecia ter dificuldade em se desembaraçar.

Que tenha sorte, é o que ficamos a desejar-lhe.