​Em Mourão, há uma certeza. Presidente da câmara vai ser uma mulher
26-09-2017 - 21:15
 • Rosário Silva

É o concelho mais pequeno do distrito de Évora. Foi o que mais perdeu e o que menos ganhou com o Alqueva. Há quatro mulheres que querem mudar o destino de Mourão e que vão a votos no dia 1 de Outubro.


Não voltam a cara aos desafios e de bom grado se vão sentar na cadeira do poder local se as eleições autárquicas, a 1 de Outubro, lhes forem favoráveis. Em Mourão, há quatro candidatas a disputar a presidência da câmara municipal.

Ana Bravo tem 56 anos. É economista de formação com raízes em Mourão onde actualmente é empresária e gere uma unidade ligada ao turismo. Apresenta-se nas urnas sem qualquer filiação, mas com o apoio da coligação CDS-PP/MPT/PPM.

Anabela Caixeiro, é natural da terra. Assistente social de profissão, com 37 anos trabalha com crianças e jovens. Nos últimos quatro anos foi vereadora (sem pelouros) do município que agora quer conquistar. Em 2013 foi eleita pela coligação PSD/CDS.

Maria Clara Safara, Clarinha para os amigos, tem 51 anos, é casada e tem dois filhos. Além de professora, catequista e organista no Grupo Coral de Nossa Senhora das Candeias, é a actual presidente da autarquia, eleita pelo PS.

A mais nova das quatro, com 34 anos, concorre pela CDU. Chama-se Cristina Candeias é casada com um mouranense e é ali que vive há seis anos, com a filha de ambos. É psicóloga e escritora. Mulher de lutas, tem dado a cara por movimentos de cidadãos e utentes que reclamam melhores serviços públicos, nomeadamente na área da saúde.

O que as move?

“No meu caso foram as injustiças sociais, que se estendem às freguesias do concelho, que despertaram em mim esta necessidade de fazer alguma coisa por Mourão”, começa por contar à Renascença a candidata da CDU.

Cristina Candeias assume que a sua “candidatura, mais do que ser uma luta politica, é direccionada para as pessoas, para resolver os seus problemas”.

Já Ana Bravo, apoiada pela coligação CDS/MPT/PPM, considera-se “extremamente qualificada para fazer com que Mourão mude de ramo e vá pelo caminho certo”.

Esta gestora e empresária independente afirma que “Mourão é um diamante em bruto com imensa oferta a nível turístico e agrícola, que não está a ser explorada”.

Determinada, a candidata do PSD declara à Renascença que “o concelho precisa da sua experiência”. “A minha terra está a precisar de mim, de um novo rumo, por isso apresento-me como candidata social-democrata para fazer face aquilo que considero que está menos bem e, infelizmente, são muitas coisas”, acrescenta Anabela Caixeiro.

Maria Clara Safara, a presidente da câmara, quer “dar continuidade a um projecto que começou há quatro anos” e, por isso, pede a reeleição. “Cumpri com toda a dignidade a minha função de servidora pública e sinto-me em condições de prosseguir com uma obra que está iniciada no caminho do desenvolvimento”, declara a autarca do PS.

Ser mulher é uma vantagem?

Clara Safara afiança que no seu caso a candidatura surge na sequência de todo um trabalho competente que tem desenvolvido.

“O mais importante é a competência, independentemente de sermos homens ou mulheres”, refere. “Costumo dizer que, neste caso, se o mandato tivesse corrido mal de certeza que as outras forças políticas não teriam apostado numa mulher porque eu sou a primeira mulher presidente de câmara neste concelho”, acentua.

Com ligação e conhecimento à terra e não por estratégia, é assim que Anabela Caixeiro enquadra a sua candidatura tendo em conta o seu papel de vereadora (sem pelouros), eleita em 2013, nessa altura pela coligação PSD/CDS-PP.

“Acho que não é estratégia e, se isso acontecesse, penso que estaríamos a menosprezar os homens e eles também fazem falta como as mulheres. Não sou feminista. A minha candidatura é consistente e responsável”, garante.

Já a candidata pelo CDS-PP tem uma visão diferente. “Parece-me que as mulheres são mais empenhadas”, diz Ana Bravo, que realça o papel da maternidade. “Transforma-nos em seres mais sensíveis, mais preocupados com o que nos rodeia”.

Pela CDU, Cristina Candeias considera que um cargo desta natureza só enobrece a mulher.

“Para mim é um desafio, até porque o antigo presidente deixou malvistos todos os homens e se houver aqui uma mulher que consiga fazer alguma coisa pelo concelho, como eu quero fazer, só vai dignificar as mulheres do concelho”, realça a candidata comunista.

Mourão é o concelho mais pequeno do distrito de Évora. Tem cerca de 2.600 habitantes. Por causa do Alqueva, em 2002 perdeu a maior entidade empregadora, a fábrica da Portucel.

Perdeu também um terço do seu território e uma aldeia. Aguarda, ainda, as contrapartidas negociadas nomeadamente nas áreas agrícola e do turismo.

No próximo domingo, há quatro programas eleitorais que vão a votos, todos encabeçados por mulheres. Uma delas será a próxima presidente da Câmara de Mourão.