Mercado. Quanto lucraram os clubes portugueses no campeonato das transferências?
04-09-2017 - 17:10
 • Rui Barros , Inês Braga Sampaio

Os clubes portugueses tinham até ao dia 31 de Agosto para trocar cromos e fechar negócios. Milhões depois, o saldo global dos principais emblemas da Liga portuguesa.

O mercado de transferências em Portugal foi rico em novidades e deixou muitos milhões nos bolsos dos clubes nacionais.

O Benfica foi, sem dúvida, o mais activo. Começou com as vendas de Ederson ao Manchester City, por 40 milhões de euros, e Lindelof ao rival United, de José Mourinho, por 35 milhões. Nélson Semedo partiu para o Barcelona e deixou mais de 30 milhões nos cofres da Luz. Tão bons foram os negócios milionários com excedentários como Celis, Mukhtar e Marçal.

Muitos dos valores referidos são, naturalmente, faciais, já que raramente os clubes detêm a totalidade dos passes dos jogadores e há, além disso, muitas comissões e compensações para pagar. Por exemplo, no caso de Ederson, 20% dos 40 milhões teoricamente encaixados pelo Benfica foram para a Gestifute, detentora da percentagem correspondente dos direitos económicos do guarda-redes. O Rio Ave detinha 30%, no entanto, os encarnados amortizaram o valor com a cedência, em definitivo, de dois jogadores, Nuno Santos e Pelé, e tiveram de pagar apenas 6,5 milhões de euros aos vila-condenses.

O último dia do mercado foi muito activo na Luz, com as contratações de Gabigol, por empréstimo do Inter de Milão, até ao final da temporada, e de Douglas, lateral-direito do Barcelona, também por cedência. Em sentido contrário seguiu Mitroglou, que somou 78 golos em 144 partidas de águia ao peito, para o Marselha. O goleador grego rendeu 15 milhões de euros aos cofres encarnados.

No FC Porto, as vendas foram várias, mas só houve uma compra: Vaná, guarda-redes brasileiro, proveniente do Feirense, custou "apenas" um milhão de euros. Um claro contraste com as épocas anteriores, que se pautaram por "all-in" atrás de "all-in". A "troika" da UEFA apertou o cinto ao dragão.

O negócio mais sonante dos azuis e brancos foi, sem dúvida, a venda da pérola André Silva ao AC Milan, por 38 milhões de euros. Também se fez caixa Rúben Neves, outra jóia da formação portista, que foi para o Wolverhampton por 18 milhões. De resto, os dragões optaram por fazer regressar vários emprestados, como Ricardo Pereira, Aboubakar e Marega, que têm rendido neste início de época.

Em Alvalade, o Verão também foi agitado, especialmente no que toca a entradas. O grande reforço da temporada foi, sem dúvida, Bruno Fernandes, comprado à Sampdoria, por 8,5 milhões de euros. Marcos Acuña, proveniente do Racing Avellaneda, foi mais caro: 9,6 milhões. Battaglia foi adquirido por 3,5 milhões de euros, ao Braga.

Adrien Silva foi o grande destaque relativamente a vendas. O capitão, levado pelo Leicester, deixou 24* milhões de euros nos cofres verde e brancos, numa "novela" que se estendeu para lá do último dia de mercado. Importa, contudo, referir que a SAD leonina detinha apenas 80% do passe. Outro produto da Academia que deixou Alvalade é Rúben Semedo, que trocou os leões pelo Villarreal, a troco de 14 milhões.

O verdadeiro "negócio da China", porém, realizou-se no Minho, em Braga. Os "arsenalistas", que despenderam pouco mais de um milhão nesta janela de mercado, asseguraram "estratosféricos" 25,5 milhões de euros, em duas fases, por dois "miúdos" da formação, Pedro Neto e Bruno Jordão. Para já, o valor recebido foi cerca de metade. Houve, ainda, mais de nove milhões por Rui Fonte, que seguiu para o Fulham.

O V. Guimarães fez quatro milhões de euros com Bruno Gaspar, que assinou pela Fiorentina. O Rio Ave fez caixa com Roderick e Krovinovic, que saíram por três milhões, cada, para Wolverhampton e Benfica, respectivamente. O Moreirense fez dois milhões com a venda de Boateng ao Levante. O Belenenses delirou com os 5,5 milhões pagos pelo Lille, por Edgar Ié. O Estoril "enriqueceu" com quatro vendas por 800 mil euros.

No plano internacional, destaque natural para Neymar. O internacional brasileiro protagonizou a transferência mais cara de sempre do futebol, com o PSG a desembolsar 222 milhões de euros pela sua contratação. Os parisienses também "brilharam" com a contratação de Mbappé ao Monaco, por empréstimo.

O Barcelona é que acabou por não fazer render o dinheiro de Neymar, adquirindo "apenas" Paulinho, por 40 milhões de euros, e Dembélé, ao Dortmund, por 105 milhões de euros, mais objectivos. Os restantes alvos, contudo, em que se contavam, segundo a imprensa catalã, Coutinho (Liverpool), Di María (PSG), Lemar (Monaco) e Mahrez (Leicester).

O Manchester City, de Pep Guardiola, que foi buscar o português Bernardo Silva ao Monaco, por 60 milhões de euros, adquiriu os dois defesas mais caros da história. Benjamin Mendy, proveniente do Monaco, custou 56,5 milhões de euros aos "citizens", Kyle Walker superou-o: mais de 58,5 milhões.

*pendente de confirmação oficial.