Jovens adultos enfrentam seis horas de stress por dia
07-03-2018 - 13:32
 • André Rodrigues , Paulo Teixeira (sonorização)

Estudo britânico sugere que a população jovem entre os 18 e os 25 anos é a mais afetada. Dinheiro, carreira ou aparência estão entre as principais causas para o fenómeno.

Quantas vezes passa no seu local de trabalho ou na fila do trânsito a desesperar com o colega do lado ou com o condutor da frente?

Quantas vezes perde a cabeça com os filhos porque o dia não correu bem, porque acha que é super-homem ou supermulher e vai mesmo entregar aquele relatório urgente a tempo e horas?

Quantas vezes sente angústia quando olha para o orçamento familiar, que não estica, e a caixa do correio só lhe dá contas para pagar?

Os jovens adultos passam seis horas (ou mais) por dia stressados.

É o que conclui um estudo britânico sobre saúde mental entre os 18 e os 25 anos, a faixa de população normalmente em início de carreira.

Mas basta olhar para as nossas cidades, para as nossas empresas, para os nossos colegas e, talvez, para nós mesmos e, certamente, seremos levados à conclusão de que - mais do que um problema de jovens adultos - este será mesmo um problema para a população ativa, de uma maneira geral.

Mas se se confrontar a si mesmo com esta ideia, às tantas, cai na tentação de duvidar.

"Quem? Eu?". Sim você. E até eu.

Porque há um ritmo de vida que determina quem somos, como nos comportamos, como reagimos às adversidades e aos desafios que a vida nos coloca.

E o problema não está tanto no stress em si mesmo. Está na forma como se lida com o problema. Na forma como se esconde, na forma como a ausência de um apoio, de alguém que ouça as nossas preocupações aumenta a dimensão do problema.

Este estudo sobre o stress nos jovens indica que dois em cada três começaram a sentir sintomas de stress, precisamente porque começaram a sentir que não tinham ninguém em quem se apoiar. Basicamente, com quem desabafar.

Mas não é tudo: dos mil inquiridos desta investigação, um em cada 10 sente-se sozinho na hora de enfrentar os problemas. Que depois vão aumentando. E dois em cada três inquiridos acabaram mesmo por ver os seus problemas aumentados por não terem esse apoio.

Consequência disso, em 56% dos casos, o stress atingiu um limite incomportável, porque as pessoas acabaram por guardar tudo para si mesmas.

Ou seja, o que começa mal, se não for resolvido, pode acabar ainda pior.

E chega o dia em que alguém paga as favas: e pode ser o seu colega, o seu chefe, o seu filho, o desconhecido na fila do trânsito ou o seu vizinho, que provavelmente também partilha as suas angústias.

Se vive numa grande cidade, faça este exercício. Veja como se vive no seu prédio.

Quantas vezes troca um sorriso com os vizinhos? Quantas vezes pressente que alguém no seu piso vai sair de casa e prefere aguardar uns segundos só para não ter de se cruzar com outra pessoa?

Aquilo que no nosso dia a dia se tornou natural é, de acordo com os investigadores, algo bastante preocupante.

A sociedade dos nossos dias não se sente segura. E precisa de se abrir para falar dos seus problemas.

E quais são esses problemas?

Os organizadores da campanha "Keep Me Safe" identificaram o top 20 das causas.

A lista é exaustiva, por isso ficam apenas alguns exemplos: conflitos com amigos, familiares ou colegas; um novo relacionamento amoroso; as contas do fim do mês; a preocupação de ingressar na carreira profissional pretendida; saúde; aparência; dinheiro; equilíbrio entre vida social e trabalho; ter casa própria; idealizar a constituição de família que, por vezes, nem se concretiza por falta de condições.

Sobretudo económicas.