A Coreia do Norte diz que não realizará novas conversações com Seul no atual contexto, classificando os responsáveis sul-coreanos como "ignorantes e incompetentes", um dia após cancelar um encontro de alto nível entre os dois países.
Depois de meses de aproximação e contenção diplomática, a Coreia do Norte operou na quarta-feira um regresso à sua retórica tradicional, cancelando um encontro intercoreano e colocando a hipótese de cancelar a histórica cimeira agendada com o Presidente norte-americano, Donald Trump, para 12 de junho em Singapura.
Pyongyang protesta assim contra o exercício anual Max Thunder, um treino militar em curso entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos na península, que envolve uma centena de aviões dos dois países, entre os quais caças furtivos norte-americanos F-22 Raptor, receados pela Coreia do Norte, que vê nesses aparelhos a ameaça de bombardeamentos cirúrgicos.
"A menos que a preocupante situação que levou à suspensão das discussões norte-sul ao mais alto nível seja solucionada, não será fácil sentarmo-nos frente-a-frente com o atual regime da Coreia do Sul", declarou hoje o principal negociador norte-coreano, Ri Son Gwon, citado pela agência oficial KCNA.
"As autoridades sul-coreanas revelaram-se ignorantes e incompetentes, desprovidas do menor bom senso em relação à situação atual", insistiu.
Na quarta-feira, a agência oficial norte-coreana classificou o exercício Max Thunder como "provocação brutal", interpretando-o como um treino para invadir a Coreia do Norte.
As hostilidades entre Coreia do Norte e Coreia do Sul (1950-1953) acabaram por meio de um cessar-fogo, deixando o território dividido em dois países, separados por uma zona desmilitarizada, pelo que as duas partes estão ainda tecnicamente em guerra.
Numa rara cimeira no mês passado, na zona desmilitarizada, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, comprometeram-se a tentar concluir um tratado de paz para pôr formalmente fim à guerra e reafirmaram o seu empenho na "desnuclearização total" da península.
O regime norte-coreano passou anos a compor o seu arsenal nuclear, tendo realizado no ano passado o seu sexto ensaio atómico, o mais potente até hoje.
As suas ambições militares valeram-lhe muitos pacotes de sanções do Conselho de Segurança da ONU.