​Arrependimento de Catarina Martins foi "figura de estilo"
12-09-2016 - 23:27

Líder do Bloco de Esquerda considera que o PSD está "em choque" porque, ao contrário dos seus governos, chegados a Setembro ainda não foi necessário apresentar nenhum Orçamento Rectificativo.

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A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, diz ter usado "uma figura de estilo" quando falou em arrependimento e garantiu estar "todos os dias" convicta do acordo à esquerda.

"Toda a gente percebeu perfeitamente que eu usei uma figura de estilo para falar das dificuldades que sentimos todos os dias com momentos em que há desacordo, quando achamos que o Governo não age como devia ter agido", explicou a deputada esta segunda-feira à noite, no Clube dos Pensadores, em Vila Nova de Gaia.

A bloquista respondeu desta forma quando questionada sobre as afirmações desta segunda-feira do líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, que, na abertura das jornadas parlamentares sociais-democratas disse: "a deputada Catarina Martins parece que se arrepende todos os dias de fazer parte desta solução, mas é um elemento chave".

Em Agosto passado, e quando questionada pelo jornal "Público" se perante polémicas como as viagens pagas pela Galp a membros do Governo, não houve algum momento em que o Bloco se tenha arrependido da criação da "geringonça" (partidos que apoiam parlamentarmente o executivo do socialista António Costa) Catarina Martins afirmou: "Todos os dias me arrependo. Faz parte".

Quanto aos momentos de desacordo, a coordenadora do BE enumerou alguns casos do verão como "o caso das viagens da Galp" e "o problema do conselho de administração da CGD".

"Não tivemos dias simples, mas o BE trabalhou muito por um acordo para parar o empobrecimento em Portugal. E estamos todos os dias convictamente nesse acordo", garantiu.

PSD está "em choque"

Catarina Martins considera que o PSD está "em choque" porque, ao contrário dos seus governos, chegados a Setembro ainda não foi necessário apresentar nenhum Orçamento Rectificativo.

A deputada reagiu assim quando questionada pelos jornalistas sobre as afirmações do ministro das Finanças, Mário Centeno, sobre um eventual segundo resgate financeiro.

"Julgo que não era exactamente esse o tema. Foi interpretado como foi, o PSD falou profusamente sobre essa questão", assinalou.

Depois de Mário Centeno ter dito à estação televisiva norte-americana CNBC que Portugal fará o necessário para evitar um segundo resgate financeiro, foi acusado de "piromania política" pelo líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro.

Catarina Martins defendeu que a preocupação actual do BE "são as negociações do Orçamento do Estado.

"O central é que consigamos continuar a cumprir o acordo que fizemos, um acordo para parar o empobrecimento, para recuperar rendimentos e nisso há alguns dossiês que são essenciais, nomeadamente o aumento real das reformas", assinalou.

Quanto ao Orçamento do Estado, a bloquista admitiu que "as negociações são sempre complicadas", lembrando o "acordo estabelecido" e que "guia" o documento.

"Esse acordo prevê, por exemplo, a subida do salário mínimo para 557 euros no próximo Janeiro e essas medidas já são medidas estáveis e, portanto, há uma parte das negociações que está feita", referiu.

Admitiu ainda existir "uma parte que é mais complicada", nomeadamente "o aumento real das pensões".