​Sampaio da Nóvoa disponível para segunda corrida a Belém
24-01-2018 - 00:00
 • Eunice Lourenço

Em entrevista à Renascença e ao “Público”, o candidato derrotado há dois anos vê “riscos” no mandato de Marcelo Rebelo de Sousa e acusa o Presidente da República de reduzir os outros políticos a “figurantes”.

Foi o candidato derrotado há dois anos. Sampaio da Nóvoa, professor, ex-reitor da Universidade de Lisboa, ainda acreditou que teria uma segunda volta nas presidenciais de 2016 com Marcelo Rebelo de Sousa. Passados dois anos, faz uma avaliação positiva do mandato de Marcelo, mas aponta críticas e riscos. E está disponível para uma nova corrida a Belém.

“Do ponto de vista da minha intervenção pública ela será o que na altura adequada tiver de ser”, afirmou Sampaio da Nóvoa em entrevista à Renascença e ao jornal “Público”.

“Pondero tudo, está tudo em aberto na minha vida. Não há nada que eu não imagine que possa acontecer”, prossegue o professor.

Questionado sobre se esse “tudo” inclui uma candidatura presidencial, responde: “Se há uma coisa que aprendi é que nunca se deve dizer nunca a nada e eu, pessoalmente, não digo nunca a nada. Portanto, estou aberto a todas as possibilidades, em todos os momentos, se entender que nunca determinada fase isso é útil para o país, é útil para pessoas que de outra forma não se sentem representadas e pode criar alguma coisa que para mim tenha sentido e o sentido para mim é o futuro de Portugal.”

Quanto ao mandato de Marcelo Rebelo de Sousa, o seu antigo adversário aponta riscos e excessos.

“Acho que há um desgaste da imagem presidencial, um desgaste da palavra presidencial e há também um outro efeito que, a meu ver, pode ser negativo que é muitas vezes reduzir o papel dos outros actores políticos quase como se fossem figurantes”, analisa Sampaio da Nóvoa.

O catedrático acrescenta: “Muitas vezes temos a sensação que os outros actores políticos - membros do Governo, deputados, presidentes de câmara ... o conjunto de outros actores políticos - fazem quase o papel de figurantes. E julgo que isso não é com para a democracia portuguesa”.

Nesta entrevista à Renascença e ao “Público”, o ex-reitor, que foi apoiado por uma parte da esquerda, aponta ainda outro “risco” ao exercício de Marcelo do poder presidencial, que é o de o Presidente da República “perder o peso da última palavra”, quando chegar um momento em que a sua intervenção seja determinante no espaço público - ou político.

“Há uma preocupação constante de preencher a distância entre o tempo mediático e o tempo político”, de preencher um vazio, justifica Sampaio da Nóvoa, que até percebe as vantagens imediatas que este tipo de actuação pode ter.

“O primeiro ano [desta Presidência] foi muito positivo”, reconhece o candidato que ficou em segundo lugar. E até diz que talvez sem Marcelo não tivesse sido possível a estabilidade da solução de esquerda, que ele próprio profetizou enquanto candidato.

Já o segundo ano, acrescenta, “foi muito marcado pela proximidade”. Marcelo “deu uma dimensão de respeito e compaixão” sobretudo nas tragédias, que faz e fazia falta. A questão é quando Marcelo entra em excesso, justifica Sampaio da Nóvoa. E quando fala sobre tudo, ocupando todo o tempo.

Nesta entrevista, que será divulgada na integra na quinta-feira, o candidato fala sobre Marcelo e o papel do Presidente, também sobre Rui Rio e o que muda - ou não - no ciclo político português.

Sobre o Governo PS com apoio da esquerda - o seu futuro, seus sucessos e insucessos. E também sobre a Educação, o Ensino Superior e Ciência, que lhe ocupam agora os dias, enquanto professor universitário.