Solução para ramal da Lousã. Utentes surpreendidos falam em “retrocesso ambiental e de mobilidade”
02-06-2017 - 11:54

Governo abandona metro entre Coimbra e Lousã e opta por autocarros eléctricos. Sucedem-se as críticas à solução encontrada para substituir o metro de Mondego parado há mais de 20 anos.

O Movimento de Utentes de Serviços Públicos (MUSP) exigiu a revogação da medida que prevê a introdução de meio rodoviário para o ramal ferroviário da Lousã.

Numa nota enviada à agência Lusa, o MUSP anuncia que vai “solicitar de imediato uma reunião ao Ministério do Ambiente com o intuito de exigir a revogação desta medida”, em favor de uma solução ferroviária.

A "solução" rodoviária, “abandonando em definitivo o Ramal da Lousã” (entre Serpins, Lousã, Miranda do Corvo e Coimbra) e para “a mobilidade em Coimbra” surpreende “especialistas, autarcas e utentes”, afirma o movimento.

A decisão “representa um retrocesso ambiental, de mobilidade e rapidez e económico, relativamente à electrificação do ramal que não se consegue compreender”, sustenta o MUSP.

“Associada à recentemente anunciada decisão de não alargar a rede de metropolitano para fora do concelho de Lisboa, nomeadamente aos concelhos de Oeiras e Loures, demonstra a aversão que este Governo tem relativamente a soluções ferroviárias de mobilidade, comprovadamente mais eficazes, baratas para os utentes e ambientalmente mais sustentáveis”, acrescenta.

O movimento salienta ainda que o recurso a autocarros eléctricos para assegurar a ligação entre Serpins e Coimbra representa maiores custos, designadamente em termos financeiros e ambientais, do que a electrificação da ferrovia.

Protesto desde as 9h00

Dezenas de pessoas estão concentradas, na Lousã, em protesto contra a anunciada transformação do ramal ferroviário regional em via para autocarros eléctricos integrada no Sistema de Mobilidade do Mondego.

A iniciativa começou às 9h00, com a chegada dos primeiros manifestantes junto aos Paços do Concelho, onde o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, já apresentou um estudo de mobilidade rodoviária, entre Serpins e Coimbra, para substituir o sistema de metro projectado há 21 anos pelo Estado e pelos municípios envolvidos.

Os populares defendem a reposição do serviço público ferroviário no Ramal da Lousã e a rejeição do denominado ‘sistema metrobus’, cuja primeira divulgação oficial conta com a participação de técnicos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), que realizou o estudo.

BE quer explicações

O Bloco de Esquerda vai chamar ao parlamento o ministro das Infraestruturas sobre o Ramal da Lousã (Coimbra), declarando que o projecto em cima da mesa está "muito aquém" do compromisso de uma ferrovia de excelência.

"É um projecto que desrespeita completamente sucessivas resoluções aprovadas na Assembleia da República. E o que vem dizer é que é por razões técnicas que isso acontece. É a técnica que é posta à frente da decisão democrática", sustentou o deputado do BE José Manuel Pureza, justificando o pedido para ouvir o ministro Pedro Marques.

O bloquista falava à margem de uma visita à DocaPesca de Portimão, que marca o arranque de dois dias de jornadas parlamentares do partido, e as declarações aos jornalistas acontecem no dia em que dezenas de pessoas estão concentradas, na Lousã, em protesto contra a anunciada transformação do ramal ferroviário regional em via para autocarros eléctricos integrada no Sistema de Mobilidade do Mondego.

Pureza lamentou que não esteja a ser cumprido o desígnio de se projectar um "transporte ferroviário de qualidade, rápido, que fosse idêntico àqueles que circulam nas cidades ou nas manchas urbanas europeias idênticas à de Coimbra".

O Ramal da Lousã foi encerrado há mais de sete anos, para obras que visavam a instalação de um metro ligeiro, as quais foram interrompidas algum tempo depois por razões financeiras.