O bloco económico sul-americano Mercosul criticou a sugestão do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de uma eventual "opção militar" para enfrentar a crise política que afecta a Venezuela.
O grupo composto pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai referiu, num comunicado, que "os únicos meios aceitáveis para a promoção da democracia são o diálogo e a diplomacia".
E acrescentou: "O repúdio à violência e a qualquer opção que envolva o uso da força é inalienável e constitui a base fundamental do convívio democrático, tanto no plano interno como no plano das relações internacionais".
Na sexta-feira, Trump admitiu uma "possível opção militar" na Venezuela, país que atravessa uma grave crise política.
"Temos várias opções para a Venezuela, incluindo uma possível opção militar, se necessário", afirmou na altura o chefe de Estado norte-americano, sem precisar mais detalhes.
"A Venezuela não é longe e há pessoas que sofrem e pessoas que morrem", acrescentou.
Na nota informativa os países do Mercosul, que decidiram suspender politicamente a Venezuela da organização, criticou ainda a actuação do governo do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e da recente instalada Assembleia Constituinte.
"As medidas anunciadas pelo governo e pela Assembleia Nacional Constituinte nos últimos dias reduzem ainda mais o espaço para o debate político e para a negociação", concluiu o Mercosul.
No passado dia 5 de Agosto, os ministros dos Negócios Estrangeiros do Brasil, da Argentina, do Uruguai e do Paraguai decidiram suspender politicamente a Venezuela do Mercosul "por ruptura da ordem democrática".
“A suspensão é aplicada devido aos actos do governo de Nicolás Maduro, e constitui um apelo a um início imediato de um processo de transição política e de restauração da ordem democrática", explicaram então num comunicado os países fundadores do Mercosul, após uma reunião em São Paulo, Brasil.
A Venezuela já tinha sido colocada à margem do mercado comum sul-americano desde Dezembro, por motivos comerciais.
A Venezuela vive a sua pior crise política desde há décadas, com manifestações das quais resultaram 125 mortos e milhares de feridos em quatro meses, mas o Presidente Maduro, cuja saída é exigida pelos manifestantes, tem permanecido impassível face às pressões internacionais.