Matos Correia: ​Apelos externos à manutenção dos ingleses são “contraproducentes”
21-06-2016 - 21:53

O ex-vice presidente do PSD e o antigo ministro socialista Vera Jardim analisaram na Renascença as expectativas criadas em torno do referendo à permanência do Reino Unido na União Europeia.

O presidente do Conselho Estratégico do PSD questiona a eficácia de apelos de diversas personalidades europeias à manutenção do Reino Unido na União Europeia. Convidado esta semana do programa “Falar Claro”, José Matos Correia lembrou que, no caso grego, toda a pressão externa acabou por não travar uma vitória do Syriza em eleições parlamentares.

“Cada vez que o presidente do Conselho Europeu, um comissário europeu ou mesmo responsáveis políticos de países da União Europeia tentam explicar aos ingleses que o melhor é ficar na União Europeia [isso] é contraproducente. Já devíamos ter aprendido”, afirma o dirigente social-democrata.

Por seu lado, o socialista Vera Jardim critica as motivações do actual primeiro-ministro David Cameron ao convocar o referendo à permanência do Reino Unido na União Europeia.

“É legítimo fazer referendos. O que não é legítimo é instrumentalizar referendos. O senhor Cameron fez este referendo para se defender da direita do seu partido e de um partido de extrema-direita como o UKIP. Estava a ser muito atacado desde as eleições pela ala do seu partido que não queria que a Grã-Bretanha permanecesse na União Europeia”, denuncia o antigo ministro da justiça do PS.

Vera Jardim lamenta que os partidários da permanência do Reino Unido na União Europeia tenham seguido argumentos de natureza económica em vez de seguir “valores europeus e o interesse estratégico e cultural da Grã-Bretanha se manter num projecto que, não podemos esquecê-lo, foi lançado por Churchill no pós-guerra”.

Matos Correia fala numa campanha “pobre porque assentou muito na ideia do assustar”. Para o ex-vice-presidente do PSD, a morte da deputada Jo Cox levou os britânicos a reflectir “que há coisas que não valem a pena”, sublinhando que o debate político do referendo devia ser travado “com elevação, seriedade, tranquilidade e rigor de quem debate ideias pelo que elas são”.