A integração europeia em causa
29-03-2017 - 06:31

O colapso da UE não é uma fatalidade, se os políticos europeus ouvirem os cidadãos.

Os 60 anos da assinatura do Tratado de Roma deram ensejo, em Portugal, a violentas críticas à UE e ao euro por parte do PCP e do BE, partidos que apoiam um governo socialista pró-europeu.

E, em França, Marine Le Pen anunciou a “morte da UE”, se for eleita presidente, porque "as pessoas já não a querem".

De facto, nas últimas duas décadas, o projecto europeu perdeu apoio das pessoas. Mas o “brexit”, conjugado com a hostilidade de Trump à UE e com a agressividade de Putin (que ajuda os eurocépticos) parece ter sido um choque para muitos europeus, confrontados com a possibilidade de a Europa comunitária se desfazer. E terão percebido quanto iriam perder com isso.

Em parte, como reflexo desse choque, no domingo passado Angela Merkel obteve uma inesperada vitória nas eleições no pequeno estado alemão do Sarre. E na Bulgária as eleições legislativas foram ganhas pelo partido pró-europeu de centro-direita, contra o partido socialista, pró-Putin.

Em 22 deste mês, o partido europeísta venceu claramente, na Holanda, o partido anti-UE. Nas últimas semanas várias sondagens revelaram, noutros Estados membros, uma certa inversão na tendência eurocéptica.

Como é óbvio, nada de importante vai mudar na UE antes das eleições em França e na Alemanha. Por isso não vale a pena estar, agora, a propor modificações ao Tratado da UE, como, por exemplo, a desejável criação de um Senado com uma representação igual de deputados eleitos em cada país membro.

Mas importa que, desde já, os líderes europeus falem para os cidadãos e sobretudo ouçam as suas preocupações. É a única maneira de derrotar de vez o populismo eurocéptico. O colapso da UE não é uma fatalidade.