​Feitiço contra o feiticeiro
10-11-2017 - 06:07

O orgulho de pertencer a um dado estado é considerado depreciativamente. O termo “identitário”, por exemplo é quase equiparado a “fascista” pelo federalismo europeu.

As autoridades europeias, em particular a Comissão, mas também o Parlamento Europeu mantêm uma sistemática acção de descrédito dos Estados-membros.

Percebe-se, em particular para a Comissão, que isso suceda. É uma forma de valorizar os seus poderes, tentando demonstrar aos cidadãos dos estados que estes não actuam suficientemente em seu benefício e que são as instituições comunitárias que, impolutas e generosas, espalham a sua bondade pela Europa. Usando, claro, o dinheiro dos Estados. E quando necessário, qual mãe extremosa, a Comissão põe na ordem os estouvados estados - principalmente os de menor dimensão.

Nada de mais. São comportamentos próprios das burocracias quando, pouco avisados, lhes cedemos poderes excessivos, como é o caso da União Europeia. O rol de actuações que pretendem reduzir a lealdade dos cidadãos aos respectivos estados é grande e diverso: “a Europa das regiões”, os programas transfronteiriços, as sanções aos estados em dificuldade financeira, etc., na sua diversidade têm uma coisa em comum: é a mensagem que os estados, verdadeiramente, não se sabem governar e que portanto é necessário reforçar os poderes dos níveis regionais abaixo do nível estatal e dos poderes europeus acima desse nível, enfraquecendo os estados. A velha e obtusa ideia da Europa forte formada por Estados fracos.

O orgulho de pertencer a um dado estado é considerado depreciativamente. O termo “identitário”, por exemplo é quase equiparado a “fascista” pelo federalismo europeu, como se fosse um crime alguém comungar da identidade do estado a que pertence.

O problema é que o caso da Catalunha está a demonstrar que este tipo de propaganda de depreciação dos estados está a dar resultado, mas está a virar o feitiço contra o feiticeiro. E agora, aqui d’el rei, teme-se que desfazer estados historicamente sedimentados possa levar ao fim da União e talvez ao fim da paz na Europa.

O que é verdade, mas quem semeou os ventos?