​O protectorado europeu
18-05-2018 - 06:15

É fundamental não nos deixarmos embalar por este novo canto de sereia, que se destina fundamentalmente a transferir muito dinheiro para a Comissão Europeia.

Uma nova teoria relativa ao que deve ser o futuro da União Europeia, vai ganhando peso na burocracia comunitária, aproveitando uma deixa do Presidente Macron.

Mas comecemos pelo princípio.

Macron, em relação ao futuro da União Europeia, revela-se um federalista extremado. Defende, ou diz defender, uma soberania europeia. Como no mesmo espaço não podem existir duas soberanias, o que realmente propõe é que os estados membros deixem de ser soberanos e que, portanto, no essencial, cedam a sua soberania às instituições europeias.

Estou convencido que, felizmente as chances de Macron prosseguir com este dislate são praticamente nulas, inclusive dentro da própria França.

Mas a Comissão Europeia não desarma. E aproveitando a estapafúrdia ideia de Macron vem agora propor um protectorado europeu. Ou seja, os Estados-membros deveriam transferir os seus poderes principais para as instituições europeias para a União os poder proteger dos perigos deste mundo.

A Comissão entende, pois, que os estados membros devem-se tornar protectorados, à semelhança dos sultanatos que eram “protegidos” pela Inglaterra ou a França no século XIX.

Pode dizer-se que estamos aqui face ao que é normal nas burocracias, ávidas de dinheiro e de poder e que tudo fazem para os obter se não forem impedidas a tempo. É verdade. Mas este caso torna-se especialmente perigoso, porque é agitado o argumento do medo. São empolados os riscos mundiais e não há mínima explicação de como é que a União pode proteger melhor os europeus desses perigos que os próprios estados.

Sabemos aliás como a moeda única - que nos foi vendida como um guarda-chuva protector - nos protegeu, a nós e à Grécia, da crise.

É fundamental não nos deixarmos embalar por este novo canto de sereia, que se destina fundamentalmente a transferir muito dinheiro para a Comissão Europeia, quinta-essência do centralismo europeu.

Os ingleses compreenderam-no muito bem e por isso estão de saída.

Os que ficam, no mínimo, deviam interrogar-se: havendo 193 estados soberanos no mundo, por que razão só os 27 estados europeus que restam não têm direito a ser soberanos?
Porque Macron e a Comissão não querem?

Ora, ora…