Mesão Frio. Candidato envia convite para o seu "casamento" com a Câmara Municipal
22-09-2017 - 11:56
 • Olímpia Mairos

O "noivo" é o independente que lidera a lista do PSD contra outros quatro "pretendentes"

O cabeça-de-lista do PSD à Câmara de Mesão Frio, o independente Eduardo Miranda, enviou à população do concelho um "convite" para o seu "casamento" com a autarquia, "marcado" para 1 de Outubro.

No "convite", não faltam informações práticas. Para a “cerimónia”, não é preciso traje especial. A indumentária deve ser “informal”. O “banquete decorrerá na casa de cada um, quando entenderem, por convidar os noivos”. Já as “prendas”, “serão entregues pelo noivo, ao longo de quatro anos de compromisso, de acordo com os superiores interesses das populações”. E também “não é necessário levar telemóvel, pois não é preciso fotografar boletins de voto”.

A forma - pouco convencional - de propaganda político-partidária não deixa o eleitorado indiferente e o "convite de casamento" transformou-se em tema de muitas as conversas.

Ana Maria, 50, residente e eleitora em Mesão Frio, diz à Renascença que “não é muito de andar em casamentos” porque "ficam caros”, mas vai votar. "É o dever”, argumenta.

José da Fonseca, 77, confirma a data do evento para o qual foi convidado e “quer ver se vai lá, ao casamento” para “ver quem vai levar as alianças”. Diz que “a ideia é boa” e que “a política é assim, cada um puxa para o seu lado”.

Octávio Santos conta que o convite faz algumas observações e que uma delas é “não levar telemóvel”, mas também diz que “não percebe muito daquilo” e que “não liga muito à política”. “Não vai ao casamento”, mas, diz, “vai votar”.

Jaime Macedo, 58, não entende a observação que se refere ao telemóvel e observa: “Chegar à mesa de voto, ‘deitar’ o voto e tirar fotografia como de facto ‘deitou’ o voto, cabe na cabeça de alguém? Ninguém pode fazer uma coisa dessas. Ninguém pode fazer isso."

Sobre a questão do traje, o eleitor Macedo diz que “cada um vai como quer e lhe apetece”. “Posso ir todo sujo ou todo roto ou com um grande fato com gravata à maneira. A pessoa vai vestida à maneira que ele quer. Ninguém pode obrigar ninguém”, conclui.

Mas se há quem tenha encarado o "convite" como uma "brincadeira", também há quem não tenha gostado da ideia.

António Nunes diz que “é uma brincadeira com algo sério” e considera que “quem brinca com a política, se calhar não está a encarar a política de uma forma séria”.

"Deveria dedicar-se a outras coisas, que não à causa pública”, sentencia o eleitor.

Para liderar a Câmara de Mesão Frio, um concelho com 4.433 habitantes, apresenta-se o "noivo" Eduardo Miranda, independente que lidera a lista do PSD, que concorre com outros quatro "pretendentes": João Silva, pelo CDS-PP; Armando Branquinho, pela CDU; Mário Sousa Pinto, pelo Bloco de Esquerda; e Alberto Pereira, o presidente da Câmara, que volta a encabeçar a lista do PS. Há que aguardar então pelo dia 1 de Outubro, para se saber com qual deles a Câmara vai casar.

Entretanto fica a nota no convite a negrito e itálico: “Agradecem-se confirmações até às 19h00 do dia 1 de Outubro, feitas para as caixas do boletim de voto."